quinta-feira, outubro 17, 2013

[Livro] 1822, de Laurentino Gomes

1822 é mais um dos recentes livros de História que deixam claro que é possível sim escrever sobre este assunto sem ser chato ou maçante. Outros exemplos é 1808 (do mesmo autor), Boa Ventura (excelente livro) e os Guias Politicamente Incorretos (...).

O livro fala, naturalmente, sobre o processo da Independência do Brasil. Seguindo a linha de 1808, o autor discorre sobre os acontecimentos mais importantes, de forma clara e fluida. Não esquece, entretanto, de detalhes cotidianos que tornam a leitura divertida em certos pontos. Percebe-se sem muito esforço o trabalho de pesquisa dedicado e incansável de Laurentino Gomes (dê uma olhada na bibliografia, bastante extensa).

Mas a verdade é que, 1822 não empolga como 1808. Não sei exatamente expressar se o motivo é o assunto principal em si (Independência x Fuga da família real portuguesa para o Brasil) ou a narrativa sem tanta inspiração. Alguns capítulos inteiros passam de forma um tanto quanto cansativa, com excesso de datas, nomes, etc.

É um excelente livro, obrigatório para quem quer entender um pouco sobre os motivos do Brasil ser o que é hoje. A expectativa agora fica em torno de 1889, próximo livro do autor.

terça-feira, agosto 20, 2013

[Livro] Rápido e Devagar, de Daniel Kahneman - 624 páginas - Objetiva

A combinação de falta de tempo para leitura com um livro denso, longo e complexo geralmente não gera bons frutos. Foi o que aconteceu comigo na leitura de "Rápido e Devagar". 

O assunto do livro é bastante interessante e o autor é excelente. Por outro lado, é muito longo e invariavelmente cansativo. Alguns assuntos vêm e voltam com relativa frequência, deixando-o às vezes repetitivo. 

Definitivamente não é daqueles livros que causam o desejo de voltar a lê-lo o mais rápido possível. Parece-me mais com um trabalho de mestrado ou doutorado do que com um livro comercial. 

Apesar do excelente conteúdo, eu indicaria o livro apenas para profissionais da área de economia, psicologia, estatística e afins do que para um leitor leigo. 

quarta-feira, abril 17, 2013

[Livro] Feliz por nada, de Martha Medeiros


Sabe essas coisas banais que acontecem na vida da gente, dia pós dia, ao ir para o trabalho, na visita ao shopping, em um bate papo descompromissado no trabalho? Para a grande maioria das pessoas quaisquer observações realizadas nessas atividades vêm e vão naturalmente. Já para um cronista é justamente essa a matéria-prima de seu ofício.

Os (bons) cronistas adquirem uma habilidade impressionante de observação. Não que ele ache bonito isso, é que isso é simplesmente fundamental. Principalmente aqueles que escrevem para colunas diárias ou semanais em jornais, revistas, sites, blogs, etc. Eles têm que fazer de um limão uma limonada, motivo pelo qual o jeito que alguém dirige, a forma como um casal de namorados se beija ou simplesmente um passarinho pousando na sacada do apartamento são assuntos que funcionarão como estopim para o desenvolvimento de um texto. Para chegar nesse nível não basta querer, tem que ter talento. E é talento o que eu acredito que não falte para Martha Medeiros.

Antes de iniciar a leitura deste que foi meu primeiro livro da autora, dediquei um tempo para ler resenhas e comentários sobre suas obras. Naturalmente encontrei vários elogios mas também algumas críticas considerando os textos muito banais, sem profundidade ... Mas cara-pálida, será que é difícil aceitar que o estilo e o objetivo de Martha Medeiros é ser EXATAMENTE assim? Tolice.

"Feliz por nada" é uma coletânea de crônicas publicadas entre os anos de 2009 e 2011. Os assuntos variam, mas se relacionam principalmente em discutir a felicidade sob a ótica de que são as pequenas coisas que nos trazem as grandes alegrias. São textos curtos, linguagem simples e fácil. Eu, particularmente, gosto bastante de livros com capítulos curtos (cada crônica não deixa de ser um "capítulo"); é possível lê-los em qualquer lugar, com qualquer disponibilidade de tempo sem o risco de se perder.

Dos vários textos alguns são bobinhos, sem graça. Mas no geral são bem interessantes, inteligentes, que nos fazem pensar em coisas simples porém importantes. Geralmente iniciam-se com alguma observação cotidiana da autora e são finalizados com uma discussão "filosófica" sobre determinado assunto. Estratégia antiga mas ainda eficaz.

quarta-feira, abril 10, 2013

[Livro] A semente da vitória, de Nuno Cobra

"Esse livro vai mudar a sua vida!" Quantas vezes você já ouviu essa frase? Acredito que muitas. Eu também, tanto que por causa dela acabei criando uma certa aversão por livros de autoajuda. Se não fosse pela indicação de um amigo o qual prezo muito dificilmente eu leria "A semente da vitória", de Nuno Cobra. Já havia ouvido falar bastante sobre o livro, que vende como água e já está na enésima edição. Um livro que vende tanto pode ser ruim? Pode. Mas não é este o caso.

Para quem não sabe, Nuno Cobra ficou mundialmente conhecido quando trabalhou como preparador físico de Ayrton Senna. Na verdade ele não é somente um preparador físico, muitos o consideram um guru, pois seu trabalho apesar de ser focado no corpo busca algumas outras conquistas no lado emocional e pessoal. O chamado "Método Nuno Cobra" passou a ser bastante conhecido e utilizado por muitos esportistas e empresários famosos.

No livro, Nuno descreve de uma maneira bem simples e recheada de exemplos como funciona o seu método. O que ele sugere, como por exemplo alimentar-se bem e fazer exercícios, convenhamos que não é novidade pra ninguém. A diferença é a forma como ele coloca essas questões, com argumentos bastante convincentes. Seu método inclui também a indicação de que as pessoas devem dormir mais e mais cedo e fazer meditação, dentre outras coisas. Uma dessas coisas me chamou bastante a atenção: o ser humano tem a tendência de pré-ocupação (ou preocupação mesmo), que é aquele sentimento de angústia diante de algum problema cuja solução ou você não é capaz de dar ou se é capaz não naquele momento. De que adianta então ficar estressado com uma coisa que naquele momento você não pode fazer nada?

Algumas das colocações do livro soaram para mim como um certo exagero. Não Sr. Nuno, eu não vou deixar de tomar minhas cervejinhas no final de semana. Não Sr. Nuno, sinceramente não dá para eu dormir 21:30h todos os dias. Mas isso não invalida em nada a mensagem que o autor quis passar. Aprendi muitas coisas que vou tentar levar comigo daqui pra frente. Indico a leitura de "A semente da vitória" a todos, sem medo de errar. Principalmente àqueles que andam (ou andavam) estressados com qualquer coisa e achando que não são capazes de melhorar a própria vida.

terça-feira, abril 02, 2013

[Livro] Canalha!, de Fabricio Carpinejar


Por mais que seja necessário estudar e se aperfeiçoar continuamente, me parece que algumas pessoas já nascem com um talento tão grande que as direcionarão para determinada profissão. Fica claro que este é o caso de Fabrício Carpinejar, autor de "Canalha!". Interessei-me pelo autor depois de ouvir elogios ao seu trabalho em revistas, sites e programas de televisão. Elogios totalmente merecidos.

Carpinejar é um daqueles artistas multimídia e multiestilo, mas entre suas especialidades estão as crônicas. "Canalha!" é um livro de crônicas reunidas sobre um tema comum: a canalhice do homem. Confesso que, neste sentido, o livro peca um pouco porque há crônicas que fogem bastante ao tema central. Não que isso configure um problema, afinal quase todas coletâneas sofrem desse "mal". Livros de crônicas são interessantes sob diversos aspectos. Um deles é o fato de que elas são geralmente curtas e independentes, permitindo assim ao leitor consumir o livro em pequenas doses (no banheiro, no trânsito, na sala de espera do dentista, em pequenos intervalos no trabalho, etc.).

"Canalha!" traz crônicas do cotidiano, rápidas, de fácil leitura e muitas vezes bastante divertidas. Impossível não se enxergar dentro da temática de algumas delas, principalmente se você já tiver tido o privilégio de se casar. O relacionamento homem - mulher permeia quase todos os textos.

Enfim, é um livro bem interessante, indicado tanto para leitores que não tenham tanto hábito de ler crônicas quanto para aqueles mais experientes, considerando a riqueza de vocabulário e de estilo de Carpinejar.

sexta-feira, março 08, 2013

[Livro] Introdução à programação neurolinguística, de Joseph O'Connor e John Seymour

Confesso que atribuir uma nota e elaborar uma resenha sobre este livro não foi uma das tarefas mais fáceis. Minhas considerações sobre ele são contraditórias e muitas vezes confusas.

Minha opinião geral ao terminar de ler o livro é a de que, sinceramente, não gostei. Texto chato, cansativo, muitas vezes "viajante" demais, fora da aplicabilidade prática dos conceitos que objetiva explicar. Por outro lado, tenho consciência de que o tema é realmente complexo e que para um melhor entendimento do assunto seria necessário eu me aprofundar mais, ter contato com outras pessoas que têm opinião positiva e que com experiência prática em neurolinguística. 

Mesmo considerando minha ignorância no assunto, alguns trechos me agradaram, com por exemplo a parte que sugere que prestemos mais atenção ao estilo das pessoas com as quais temos contato e que tentemos replicar (a medida do possível) o seu comportamento para que essa relação tenha mais chances de sucesso. Por exemplo, ao lidar com um cliente que fala baixo e devagar, evite falar com um tom de voz muito alto e e de forma rápido. Agir e falar com estilo parecido ao do interlocutor tende a facilitar as coisas. 

Por outro lado, várias teorias e aplicações práticas que o livro propõe para mim parecerem "viagem" total. Sugerir que possamos identificar o estilo de uma pessoa observando se ela olha para os lados, para cima ou para baixo enquanto fala contigo realmente não me parece uma coisa fácil e natural. Várias dessas teorias sugerem que determinados comportamentos indicam estilos de pessoas diferentes mas, em grande parte deles, os autores destacam que podem haver exceções. Ou seja, se nos basearmos nessas regras para tentar melhor uma relação podemos, com grande chance, piorá-la. Não vejo vantagem prática em utilizar tais técnicas. 

O que, de certa forma, me intrigou ao terminar a leitura do livro é que fiquei instigado em procurar mais informações sobre programação neurolinguística. Ficou a sensação de que não gostei porque não entendi. Não sei se isso indica que sou muito humilde ou se pelo menos este mérito os autores tiveram ao escrevê-lo.

terça-feira, março 05, 2013

[Livro] Contos de amor, de loucura e de morte - Horácio Quiroga

"Contos de amor, de loucura e de morte" é uma coletânea de contos focados focados nos três temas descritos pelo título. Eu, particularmente, não gostei desse tipo de organização. Prefiro coletâneas que, mesmo sendo de um mesmo autor, tratem de assuntos diversos, deixando a leitura mais estimulante e divertida.

Mesmo assim, a obra tem suas qualidades. Ainda não havia lido Horácio Quiroga e me surpreendi positivamente. Utiliza um vocabulário rico mas sem espaço para preciosismos, tornando a leitura agradável e permitindo um ritmo bom. 

Não me lembro exatamente onde li uma observação sobre contos que me marcou profundamente: para ser um bom conto, ele deve surpreender o leitor no seu final. Acredito que essa afirmação seja um tanto quanto controversa pois já li contos de autores consagrados e que não tinham essa característica. Independente disso, para o meu próprio controle de qualidade de contos, acabei tomando isso como verdade.

A verdade é que nem todos os contos inseridos nessa coletâneas conseguiram me surpreender ao seu final. Estes realmente me agradaram bastante. Divertidos também os contos em que o autor dá "voz" a animais, com seus próprios problemas e agruras do dia a dia. Alguns outros contos, apesar de primar pela qualidade estética e literária, não empolgam. 

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