quarta-feira, abril 17, 2013

[Livro] Feliz por nada, de Martha Medeiros


Sabe essas coisas banais que acontecem na vida da gente, dia pós dia, ao ir para o trabalho, na visita ao shopping, em um bate papo descompromissado no trabalho? Para a grande maioria das pessoas quaisquer observações realizadas nessas atividades vêm e vão naturalmente. Já para um cronista é justamente essa a matéria-prima de seu ofício.

Os (bons) cronistas adquirem uma habilidade impressionante de observação. Não que ele ache bonito isso, é que isso é simplesmente fundamental. Principalmente aqueles que escrevem para colunas diárias ou semanais em jornais, revistas, sites, blogs, etc. Eles têm que fazer de um limão uma limonada, motivo pelo qual o jeito que alguém dirige, a forma como um casal de namorados se beija ou simplesmente um passarinho pousando na sacada do apartamento são assuntos que funcionarão como estopim para o desenvolvimento de um texto. Para chegar nesse nível não basta querer, tem que ter talento. E é talento o que eu acredito que não falte para Martha Medeiros.

Antes de iniciar a leitura deste que foi meu primeiro livro da autora, dediquei um tempo para ler resenhas e comentários sobre suas obras. Naturalmente encontrei vários elogios mas também algumas críticas considerando os textos muito banais, sem profundidade ... Mas cara-pálida, será que é difícil aceitar que o estilo e o objetivo de Martha Medeiros é ser EXATAMENTE assim? Tolice.

"Feliz por nada" é uma coletânea de crônicas publicadas entre os anos de 2009 e 2011. Os assuntos variam, mas se relacionam principalmente em discutir a felicidade sob a ótica de que são as pequenas coisas que nos trazem as grandes alegrias. São textos curtos, linguagem simples e fácil. Eu, particularmente, gosto bastante de livros com capítulos curtos (cada crônica não deixa de ser um "capítulo"); é possível lê-los em qualquer lugar, com qualquer disponibilidade de tempo sem o risco de se perder.

Dos vários textos alguns são bobinhos, sem graça. Mas no geral são bem interessantes, inteligentes, que nos fazem pensar em coisas simples porém importantes. Geralmente iniciam-se com alguma observação cotidiana da autora e são finalizados com uma discussão "filosófica" sobre determinado assunto. Estratégia antiga mas ainda eficaz.

quarta-feira, abril 10, 2013

[Livro] A semente da vitória, de Nuno Cobra

"Esse livro vai mudar a sua vida!" Quantas vezes você já ouviu essa frase? Acredito que muitas. Eu também, tanto que por causa dela acabei criando uma certa aversão por livros de autoajuda. Se não fosse pela indicação de um amigo o qual prezo muito dificilmente eu leria "A semente da vitória", de Nuno Cobra. Já havia ouvido falar bastante sobre o livro, que vende como água e já está na enésima edição. Um livro que vende tanto pode ser ruim? Pode. Mas não é este o caso.

Para quem não sabe, Nuno Cobra ficou mundialmente conhecido quando trabalhou como preparador físico de Ayrton Senna. Na verdade ele não é somente um preparador físico, muitos o consideram um guru, pois seu trabalho apesar de ser focado no corpo busca algumas outras conquistas no lado emocional e pessoal. O chamado "Método Nuno Cobra" passou a ser bastante conhecido e utilizado por muitos esportistas e empresários famosos.

No livro, Nuno descreve de uma maneira bem simples e recheada de exemplos como funciona o seu método. O que ele sugere, como por exemplo alimentar-se bem e fazer exercícios, convenhamos que não é novidade pra ninguém. A diferença é a forma como ele coloca essas questões, com argumentos bastante convincentes. Seu método inclui também a indicação de que as pessoas devem dormir mais e mais cedo e fazer meditação, dentre outras coisas. Uma dessas coisas me chamou bastante a atenção: o ser humano tem a tendência de pré-ocupação (ou preocupação mesmo), que é aquele sentimento de angústia diante de algum problema cuja solução ou você não é capaz de dar ou se é capaz não naquele momento. De que adianta então ficar estressado com uma coisa que naquele momento você não pode fazer nada?

Algumas das colocações do livro soaram para mim como um certo exagero. Não Sr. Nuno, eu não vou deixar de tomar minhas cervejinhas no final de semana. Não Sr. Nuno, sinceramente não dá para eu dormir 21:30h todos os dias. Mas isso não invalida em nada a mensagem que o autor quis passar. Aprendi muitas coisas que vou tentar levar comigo daqui pra frente. Indico a leitura de "A semente da vitória" a todos, sem medo de errar. Principalmente àqueles que andam (ou andavam) estressados com qualquer coisa e achando que não são capazes de melhorar a própria vida.

terça-feira, abril 02, 2013

[Livro] Canalha!, de Fabricio Carpinejar


Por mais que seja necessário estudar e se aperfeiçoar continuamente, me parece que algumas pessoas já nascem com um talento tão grande que as direcionarão para determinada profissão. Fica claro que este é o caso de Fabrício Carpinejar, autor de "Canalha!". Interessei-me pelo autor depois de ouvir elogios ao seu trabalho em revistas, sites e programas de televisão. Elogios totalmente merecidos.

Carpinejar é um daqueles artistas multimídia e multiestilo, mas entre suas especialidades estão as crônicas. "Canalha!" é um livro de crônicas reunidas sobre um tema comum: a canalhice do homem. Confesso que, neste sentido, o livro peca um pouco porque há crônicas que fogem bastante ao tema central. Não que isso configure um problema, afinal quase todas coletâneas sofrem desse "mal". Livros de crônicas são interessantes sob diversos aspectos. Um deles é o fato de que elas são geralmente curtas e independentes, permitindo assim ao leitor consumir o livro em pequenas doses (no banheiro, no trânsito, na sala de espera do dentista, em pequenos intervalos no trabalho, etc.).

"Canalha!" traz crônicas do cotidiano, rápidas, de fácil leitura e muitas vezes bastante divertidas. Impossível não se enxergar dentro da temática de algumas delas, principalmente se você já tiver tido o privilégio de se casar. O relacionamento homem - mulher permeia quase todos os textos.

Enfim, é um livro bem interessante, indicado tanto para leitores que não tenham tanto hábito de ler crônicas quanto para aqueles mais experientes, considerando a riqueza de vocabulário e de estilo de Carpinejar.

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