segunda-feira, julho 20, 2009

Revista Exame: Como ter sucesso a partir de agora

A Revista Exame, da Editora Abril, publica uma coluna chamada Agenda do Líder, escrita pelo renomadíssimo Jack Welch e sua esposa Suzy.

Na edição 947, de 15 de julho de 2009, os autores falam sobre dicas que dariam à recém graduados na universidade, prestes a entrarem no mercado de trabalho. Um trecho em especial me chamou a atenção e resolvi transcrevê-lo aqui:

"(...) ame todo mundo. Estamos falando sério. Vivemos em uma cultura de crítica e sarcasmo generalizados. Somos tentados a descartar quem parece menos bem-sucedido e a rotutá-lo de estúpido. Somos tentados também a cair na armadilha da política do meio em que trabalhamos, a fazer parte desta ou daquela panelinha, na esperança de que nosso grupo saiba realmente das coisas. Tudo em vão. A maior parte das pessoas que você encontra em seu lugar de trabalho, pouco importa a posição hierárquica ou o título delas, sabe alguma coisa que você não sabe. Muita gente, seja qual for seu nível, pode orientá-lo em algum assunto. Portanto, procure-se livrar de seu cinismo e escute o que todos têm a dizer. Isso vai fazer de você uma pessoa mais inteligente e também mais humilde. Se inteligência e humildade forem as duas principais características que as pessoas veem em você, considere-se um vencedor - a despeito do que esteja acontecendo com o produto interno bruto (...) "

sexta-feira, julho 17, 2009

[Conto] Esse menino vai longe

Luís Otávio era um menino prodígio. Inteligente, criativo, curioso ... Ouvia desde criança "Esse menino vai longe!" Estudou nos melhores colégios, sempre como melhor aluno da classe. Prestativo, sempre ajudava os colegas nas tarefas, o que despertava ainda mais a admiração de todos. Era bom em todas as matérias, mas sem dúvida alguma gostava mesmo era de Matemática. O menino foi crescendo e logo ingressou em uma das melhores universidades de Computação do país. Obviamente, em primeiro lugar. O que diferenciava Luís Otávio dos inúmeros "crânios" que estudavam com ele era sua humildade, paciência e empatia. "Esse menino vai longe!", proclamavam os professores. A carreira escolhida lhe trazia imensa felicidade pelos desafios, mas o que Luís Otávio gostava mesmo era de lidar com gente. Antes mesmo de formado, Luís Otávio foi assediado por grandes empresas do segmento de TI. Com bastante calma e critério escolheu uma delas e iniciou sua carreira profissional. Queria trabalhar com implantação de software, área na qual era forte pois podia usar toda a sua habilidade em integrar homens e máquinas. Participava de projetos grandes, em grandes empresas. Profissionais que conviviam com Luís Otávio, invariavelmente, se sentiam privilegiados. Clientes passaram a solicitar que Luís Otávio integrasse a equipe que os iria atender. "Esse menino vai longe!", exclamavam seus superiores.

Luis Otávio era totalmente consciente e seguro de suas potencialidades. Não se assustava com nenhum desafio, problema difícil era com ele mesmo. Sua autoconfiança e excelente autoestima eram armas poderosíssimas na condução dos projetos que gerenciava. Um destes grandes projetos para o qual Luis Otávio foi designado era em uma grande multinacional fabricante de peças para plataformas de extração de petróleo. Era o projeto dos sonhos. Ele já tinha implantado software em empresas que não tinham a mínima infraestrutura e nenhuma padronização de processos. Mesmo nestes casos, tinha obtido sucesso estrondoso. Esta empresa havia montado uma infraestrutura digna de primeiro mundo, investimentos altíssimos em produtos de primeira linha. Os processos todos mapeados, padronizados e colocados em um quadro dentro de cada setor. Certificações de qualidade eram exibidas com orgulho. Implantar um software nesta empresa passou a ser encarado por Luis Otávio como um período de férias. O principal produto fabricado por esta empresa, vendido tanto no Brasil quanto no exterior, era um sensor que era instalado no painel de gerenciamento da principal sonda de extração. Sua produção era envolvida por mecanismos de proteção contra espionagem industrial, realizada em salas totalmente controladas de umidade e temperatura, tudo muito moderno e seguro. Luis Otávio se envolveu em todos estes processos, como sempre sugerindo mudanças e aperfeiçoamentos, todos aceitos de prontidão. Logo o cliente percebeu que estava sendo atendido por alguém diferenciado e o comentário nos corredores da empresa era: "Esse menino vai longe!". Além da alta cúpula, Luis Otávio também se envolveu com o pessoal de produção, visto que sua equipe era responsável pelos treinamentos de todos os supervisores e gerentes. Um dos supervisores era Paulo. Um dos integrantes da equipe de Paulo era José João, conhecido por todos como JJ, funcionário que cuidava da separação e expedição das mercadorias. Luis Otávio, ao conhecê-lo, nem imaginava que ele seria responsável por manter seu emprego.

O projeto seguia seu cronograma de forma impecável. A estrutura interna da empresa colaborava muito e Luis Otávio realmente se sentia meio em férias devido à facilidade em empregar suas técnicas de gerência de projetos em uma empresa tão organizada. Todos os treinamentos e certificações foram realizados. Semanas antes do prazo previsto o projeto estava finalizado, restando apenas o acompanhamento dos novos processos e softwares no ambiente real de produção. Nesta etapa Luis Otávio não ficaria mais full-time na empresa, teria apenas reuniões semanais com o cliente para confirmar que tudo estaria funcionando perfeitamente. Com a agenda liberada, logo alocaram-no em outro projeto, cujo cliente abriu mão da urgência em iniciar as atividades apenas para aguarda-lo. Era uma bela tarde de sexta-feira. O céu com aquele azul irretocável, sem nenhuma nuvem. A temperatura extremamente agradável, prometendo um final de semana daqueles. O celular de Luis Otávio tocou. Seu chefe, aparentemente nervoso e afobado exigiu que ele fosse imediatamente à sede da empresa fabricante de peças para plataformas de extração de petróleo. Não quis adiantar o assunto e disse que também estaria presente. Luis Otávio não tinha a miníma ideia do que se tratava ... Talvez algum prêmio, algum convite para projetos em outras unidades da empresa no exterior. Mas o tom de voz de seu chefe não deixava de ser estranho. Problemas não haviam, tinha visitado a empresa no dia anterior e só o que ouvia era "Esse menino vai longe!". Logo se desvencilhou dos seus afazeres e tratou de atender o chamado. O trânsito estava caótico. Aliás, o trânsito estava sempre caótico mas parece que neste dia em especial estava ainda mais. O céu já não estava tão limpo, algumas nuvens surgiram, borrando de cinza aquela imensidão azul. Logo que conseguiu chegar à empresa, Luís Otávio se dirigiu à sala de reuniões. Era uma sala imensa, muito moderna, luxuosa. As paredes em um tom marrom bem claro, as janelas bastante amplas, permitindo que a luz natural invadisse o local. Só que naquele momento, as luzes estavam todas acesas uma vez que o céu já estava totalmente nublado.

"Alguma coisa de muito grave vem acontecendo desde que colocamos o projeto em produção. E só descobrimos isso agora. O impacto não poderia ser pior: nossos clientes em todo o mundo têm recebido produtos diferentes do que pediram e não podem esperar o reenvio. Estão buscando alternativas mais rápidas em nossos concorrentes e essa história toda já vazou. Nossa credibilidade, fator fundamental nesse mercado, está totalmente arranhada." Luis Otávio achou que tratava-se de alguma brincadeira e começou a sorrir, esperando que os outros fizessem o mesmo. Todos, exceto ele, se entreolharam com semblante preocupado. O assunto era realmente sério. Começou de imediato o trabalho para tentar identificar o que estava causando tal inconsistência na entrega dos pedidos. Convocou sua equipe. Ficaram todo o final de semana trabalhando, inclusive de madrugada. E nada ... Tudo estava certo, não tinha como dar errado. Ele não ousava falar isso para a cúpula da empresa, afinal os clientes estavam recebendo produtos errados e era isso que importava. Seu chefe o pressionava, ligava várias vezes ao dia. Percebeu que as palavras já não eram mais de elogios e sim de cobrança e desconfiança. A empresa poderia e certamente iria entrar na justiça exigindo reparação de perdas. Na segunda-feira, pela manhã, já esgotado e sem encontrar o problema, Luis Otávio resolveu dar sua última cartada: conversar com os funcionários e pedir ajuda. Logo ele, sempre autosuficiente. Não havia outra solução.Depois de muita conversa sem acrescentar nada, Luis Otávio foi ao encontro de José João e expôs o que estava acontecendo, na esperança de obter algo de útil, apesar de saber que dificilmente uma pessoa tão simples e limitada pudesse lhe ajudar. JJ, com aquele jeito simples mas confiante de quem já trabalhava na empresa há anos, ficou surpreso com o que tinha ouvido e meio que automaticamente começou a descrever à Luis Otávio todo o seu trabalho, rotina esta que Luis Otávio sabia até de trás para frente. Afinal de contas, ele que tinha modelado todo o processo.

"O problema não pode ser aqui. Faço isso há anos. A única coisa que mudou foi essa maquininha e os códigos de barra. Pego ela e vejo na tela o número do pedido e os produtos que estão pedindo. Conforme vocês me falaram, presto muita atenção no endereço do estoque indicado. Quer ver eu fazendo, doutor ?", discursou JJ.

A tal maquininha era um coletor de dados de última geração, que havia custao 5.000 dólares. Totalmente desanimado e com certo desdém, Luis Otávio resolveu olhar JJ executando seu trabalho. Foi quando, de repente, ele totalmente boquiaberto viu JJ pegando um produto em um endereço de estoque diferente do que estava indicado no pedido.

"Você está louco JJ? No pedido está indicado endereço 110B, que é lá em cima e você pegou a caixa no 80B, aqui embaixo. Por que fez isso?".

A resposta veio rápida e, esclarecedora:

"Ué doutor, as caixinhas são todas iguais, se eu tiver pegar aquela lá em cima vou ter que buscar a escada, vai demorar muito ...".

As caixinhas não eram iguais. Aliás, as caixas até que eram, mas os produtos dentro delas não. Apesar de semelhantes, os produtos tinham especificações diferentes, muitas vezes milimetricamente diferentes. JJ tinha acabado de desvendar o mistério. Apesar de todo o processo ter sido mapeado e desenhado corretamente, bastou um funcionário não entender a importância e a necessidade de, em algum momento, pegar a escada e gastar mais tempo na busca pelo produto, para que tudo fosse por àgua abaixo. Uma reunião de emergência foi convocada e tudo explicado à cúpula da empresa, nos mínimos detalhes. JJ tinha mais de 30 anos de empresa. A culpa havia sido dele ou de alguém que não explicou as coisas como deveriam? JJ foi remanejado de cargo. Paulo, seu chefe, foi demitido. A empresa de Luis Otávio foi isentada de culpa e, por isso, sua fama e credibilidade foram recuperadas. A grande multinacional fabricante de peças para plataformas de extração de petróleo faliu depois de alguns meses. Não tinha encontrado meios de recuperar a confiança do mercado.

Contos

Comentei em alguns posts antigos que pretendia usar esse blog também par fazer análises de livros que eu tenha lido. Objetivo, de agora em diante, também postar alguns contos de minha autoria. Para que não sabe exatamente o que é um conto, segue abaixo uma descrição resumida:

O conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito de tamanho). Entre suas principais características, estão a concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total – da qual falava Poe (1809-1849) e Tchekhov (1860-1904): o conto precisa causar um efeito singular no leitor; muita excitação e emotividade. Ao escritor de contos dá-se o nome de contista.

Tenho intenção de usar como tema dos meus contos histórias e casos relacionados ao dia-a-dia de uma empresa e à vida profissional. O objetivo é promover, através de contos, uma reflexão acerca de vários temas.

Espero, sinceramente, que gostem!

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