terça-feira, abril 28, 2009

Clássicos do Mundo Corporativo

Max Gehringer ficou bastante conhecido pelo quadro "Emprego de A à Z", exibido no Fantástico. Ex-executivo, Max tem atuado como consultor e palestrante sobre o tema carreira. De um humor ímpar, o simpático quase senhor de cabelo branco e espetado sempre usa piadinhas e brincadeiras para passar o seu recado. A receita dá certo e lê-lo ou ouvi-lo é uma experiência singular e inspiradora.

Clássicos do Mundo Corporativo (Editora Globo; 176 páginas; R$ 9,50) é uma coletânea de opiniões e comentários de Max em seu programa de rádio chamado Mundo Corporativo, transmitido diariamente pela CBN. Aproveitando o "gancho", fica aqui a sugestão de um programa rápido e bastante educativo: blog do Max na CBN.

Clássicos é um livro pequeno (em tamanho, não em páginas) e apresenta 66 artigos de no máximo 3 páginas cada um. Usando linguagem bastante coloquial e de fácil leitura, Max torna seus ensinamentos algo bastante palatável e de entendimento simples. Aprenda, por exemplo, a como lidar com seu chefe e colegas de trabalho, como se comportar em uma entrevista e o que é a "síndrome do pato".

Ler Clássicos é mais um prazer do que uma obrigação profissional. Devido ao seu formato, indico manter o livro em sua mesa de trabalho, lendo um ou dois artigos quando precisar de um pouco e inspiração ou de um intervalo revigorante.

sexta-feira, abril 24, 2009

Ser gerente é ...

É ser exigente: as pessoas acham que dá pra deixar tudo pra depois. O gerente é o responsável pelo cumprimento dos prazos.

É ser paciente: mesmo sendo inflexível na hora de cobrar, o gerente tem que saber explicar para cada pessoa o que se espera dela e fazê-la repetir o que ouviu para ter certeza que entendeu. Gerentes que dão meia explicação recebem desculpas inteiras.

É ser competente: é o modelo técnico das pessoas. Se o gerente souber menos que as pessoas, falar mais alto que elas não vai gerar respeito. Vai produzir insatisfação.

É ser producente: ele trabalha mais horas que as outras pessoas.

É ser vidente: deve perceber que algo está errado, mesmo sem ter todos os dados, e consertar a situação antes que saia do controle.

É ser coerente: se falar cada dia uma coisa, e viver desdizendo o que disse, vai ganhar desconfiança.

É ser valente: deve defender as pessoas que trabalham com ele.

É ser decente: não pode nem fomentar, nem ignorar intrigas.

É ser semente: é o que forma futuros gerentes.

É ser gente: não deve imaginar que o título de “superior hierárquico” vai torná-lo melhor que as pessoas que trabalham com ele.

Fonte: Clássicos do Mundo Corporativo, de Max Gehringer

quarta-feira, abril 22, 2009

Duvidar é preciso

Primeira semana de trabalho na empresa e recebi uma tarefa do meu superior: verificar quais departamentos ainda usavam um sistema muito antigo pois a ideia era desativá-lo. Eu, cheio de vontade de mostrar serviço, saí perguntando um a um se usavam o tal sistema. Muitos me disseram não, outros disseram sim. Coloquei tudo em um relatório todo formatado, colunas, cores, subtotais. Apresentei ao meu superior, que disse: "Eu te pedi esta informação mas já sei a resposta. Ninguém mais usa o sistema antigo. Muitos dizem usar, apenas para que não o desativemos. Eu lhe pedi para investigar quem usava e não para perguntar aos outros se usavam ou não. Aprenda uma coisa: não confie em tudo o que as pessoas lhe falam."

Fiquei um pouco assustado pois eu estava em uma empresa onde eu não poderia acreditar no que as pessoas falavam. Hoje em dia eu entendo o que ele quis me dizer. Por mais que perguntas e conversas sejam importantes, é muito prudente que nós mesmos tenhamos, por vários meios, a certeza e o convencimento de que aquela afirmação é realmente verdadeira. Uma boa dose de ceticismo não faz mal a ninguém.

Segundo uma das várias definições, CETICISMO é a doutrina que afirma que não se pode obter nenhuma certeza a respeito da verdade, o que implica numa condição intelectual de dúvida permanente e na admissão da incapacidade de compreensão de fenômenos metafísicos, religiosos ou mesmo da realidade. O filósofo Sócrates afirmava que "não podemos aceitar um fato, ideia ou crença (somente) por ter vindo de uma "autoridade" superior". Em outras palavras, por mais confiável que alguma pessoa ou alguma afirmação pareça ser, devemos usar métodos para que possamos confirmar aquilo que está sendo dito.

No livro Think ! Por que não tomar decisões num piscar de olhos, Michael Legault nos informa, com propriedade: "Uma forma de compreender por que o ceticismo é importante para a verdade e o conhecimento é familiarizar-se mais com o método científico. (...) O primeiro passo para o método científico é a observação - e não pode ser qualquer tipo de observação, deve ser uma observação sem preconceito. (...) O passo seguinte implica fazer uma pergunta. (...) O terceiro passo é formular uma hipótese, ou uma conjectura que responderá à pergunta. (...) O quarto passo é fazer previsões para testar a hipótese. (...) O quinto e último é realizar experimentos afim de confirmar ou refutar a previsão."

No situação pela qual passei, citada anteriormente, se eu tivesse seguido o método científico, dificilmente teria dado a informação errada ao meu chefe. Eu poderia ter observado as pessoas que disseram usar o sistema e poderia ter percebido que não usavam. Poderia ter perguntado: por que não usam e falam que usam ? Tentando obter a resposta me depararia com ideias que me levariam à resposta correta: os usuários têm medo de "perder" o sistema antigo. Por fim, poderia ter feito um experimento, desativando o sistema durante alguns dias. Se ninguém reclamasse é porque realmente não usavam.

Talvez os maiores motivos para que não sejamos céticos o suficiente são o comodismo e o estresse. Comodismo porque é muito mais fácil e menos desgastante acreditar em algo de forma passiva ao invés de analisarmos a veracidade pessoalmente. Já o estresse explicaria a eterna desculpa de falta de tempo para que possamos exercitar o método científico.

Não é só na vida profissional que o ceticismo poderia nos fazer pessoas melhores. Na vida pessoal, somos bombardeados pela mídia e por opiniões de analistas e consultores. É importante que não tomemos nada como verdade absoluta, que tenhamos perguntas e questionamentos sobre os assuntos que nos são colocados. Não podemos aceitar nada com obviedade. Quem nunca recebeu um e-mail em tom alarmante dizendo que foi descoberto que a Coca-Cola causa câncer. Muitos ficam estupefatos com a informação, já a tomam como verdade e em segundos disseminam mais uma besteira para todos os amigos (ou inimigos) da sua lista de endereços.

Por outro lado, é importante também não pendermos ao ceticismo extremo. Como diz Legault em seu livro, "ceticismo ao extremo poderia levar a um tipo de pane emocional e intelectual, em que a pessoa chega a duvidar que duvida". Com o tempo e a experiência que adquirimos é possível distinguir pessoas que são confiáveis daquelas que não são. Devemos também analisar a criticidade do assunto e as consequências que uma possível informação inadequada podem causar. De qualquer forma fica a todos nós um aviso: duvidar é preciso.

quinta-feira, abril 16, 2009

Imagem, definitivamente, não é tudo

Na Inglaterra, existe um programa chamado "Britain's Got Talent" no estilo de Ídolos, exibido no Brasil. Da mesma forma que aqui, surgem os mais variados tipos de pessoas para se apresentar.

Eis que surge então Susan Boyle, com sua aparência distante dos padrões de beleza da televisão. Todos riem, inclusive os jurados. Apesar de um pouco nervosa, Susan responde às perguntas iniciais, mesmo diante de uma total desconfiança geral.

O resultado, vocês podem ver abaixo, vale a pena:

YouTube: Susan Boyle em "Britain's Got Talent"

terça-feira, abril 14, 2009

Think ! Por que não tomar decisões num piscar de olhos

Malcolm Gladwell em seu livro Blink - A Decisão Num Piscar de Olhos quer convencer à todos de que o poder da intuição é mais importante do que o pensamento crítico. Propaga a ideia estapafúrdia do "fazer mais e melhor com menos esforço". Na contramão desta teoria, surge Think ! Por que não tomar decisões num piscar de olhos, de Michael R. Legault (Editora Best Seller, 363 páginas, R$ 29,90). A obra de Legault critica de forma impiedosa as teorias de Gladwell, colocando a falta do uso do raciocínio lógico e do pensamento crítico como fatores determinantes para o declínio intelectual e criativo da sociedade atual.

Think ! é denso e exige atenção na leitura. Digamos que a forma de escrita utilizada pelo autor está mais para uma tese de doutorado do que para os básicos livros de autoajuda que inundaram o mercado nos últimos tempos. É extremamente rico em pesquisa e estatísticas, que são usados para corroborar os pontos defendidos por Legault. O livro tem como mercado alvo os Estados Unidos. Talvez esse seja o ponto mais negativo da obra: além de utilizar somente exemplos e casos americanos, insiste constantemente na tese de que os Estados Unidos são os únicos capazes de tirar o mundo do atoleiro intelectual em que se meteu e deve fazer isso o mais rápido possível para manter a hegemonia cultural e científica que ainda tem atualmente.

O mais importante que Think ! tem a oferecer é nos fazer pensar. Este é o principal objetivo do livro e creio que consiga alcança-lo com méritos. Legault discute como os meios de comunicação e os governos tentam manipular as pessoas através de divulgação excessiva de notícias e afirmações catastrofistas (aquecimento global, doenças e ameaças), do culto à subjetividade, à emoção e aos sentimentos. Com isso, cria-se uma sociedade mais deficiente e dependente das instituições, programas governamentais, advogados, terapias, superstições e dogmas. Qualquer semelhança à atuação do governo federal brasileiro não é mera coincidência. Como diria James Harvey Robinson, citado no livro: "A maior parte do nosso suposto raciocínio consiste em encontrar argumentos para continuar acreditando naquilo em que já se acredita".

Em contraposição à esse estado de letargia mental e desinteresse intelectual, Legault enfatiza e destaca a importância do uso das evidências empíricas, do raciocínio lógico e do ceticismo. Uma pessoa, ao ler ou ver uma notícia, não deve toma-la como verdade absoluta e sim analisa-la de modo a tirar suas próprias conclusões. Obviamente que este não é um exercício simples: carece de base intelectual e teórica, bem como na principal característica intrínseca ao ser humando que é PENSAR. A falta de pensamento crítico, segundo Legault, acaba gerando uniformidade ao invés de diversidade. Um povo uniforme pode ser facilmente usado como massa de manobra por políticos e governos tiranos. É necessário, o mais rápido possível, ensinar os alunos à falar, escrever, pensar criticamente e raciocinar eticamente: "Não é de surpreender que uma forma de mergulhar diretamente na capacidade do pensamento crítico é ler ou escrever críticas".

Posso dizer que a leitura de Think ! mudou alguns dos meus conceitos e me fez ter cada vez mais certeza de outros. Não concordo com tudo o que o autor afirma. Essa discordância de seus leitores, entretanto, deve deixar Legault muito feliz, visto que é justamente essa ideia de leitura crítica e inteligente que ele tenta disseminar com sua obra.

terça-feira, abril 07, 2009

Vale mais que um trocado

Através de um link em um portal de internet, me deparei com uma reportagem da revista Nova Escola. Ela descreve uma experiência realizada por um repórter que oferecia livros ao invés de esmolas aos pedintes parados nos sinais de trânsito. O resultado é ao mesmo tempo comovente, inspirador e nos dá certa esperança de que o nosso país tenha jeito, bastando para isso vontade política e menos corrupção. Vejam:

http://revistaescola.abril.uol.com.br/gestao-escolar/diretor/vale-mais-trocado-432764.shtml

quarta-feira, abril 01, 2009

O ócio criativo

No livro "O Ócio Criativo", o autor Domenico De Masi discorre sobre a importância de termos um tempo livre para introspecção, revisão de conceitos, para ter atitudes criativas e inovadoras. Atualmente somos bombardeados por artigos, livros e conceitos que insistem em mostrar como eficiente aquela pessoa que vive ocupada, sem tempo para mais nada além do trabalho. De Masi não concorda de forma alguma com isso, no que eu o apóio totalmente.

O que podemos perceber nas empresas são pessoas e equipes ligadas no 220v. Trabalho, trabalho e mais trabalho. Mal têm tempo para ir ao banheiro ou tomar aquele precioso cafezinho. Caso apareça alguma necessidade que fuja daquela rotina pré-determinada é sinal certo de horas extras ou trabalho em casa. Reuniões são realizadas apenas para discutir os problemas existentes e formas rápidas de solucioná-los, sem perda de tempo. A conversa entre os membros da equipe ou entre equipes resume-se ao estritamente necessário. Muitas vezes bate-papos entre o próprio líder e sua equipe tornam-se escassos.

A realidade é que as empresas têm diminuído seu quadro de funcionários ao máximo, buscando redução de custos. Quanto à isto não cabe crítica, visto que cada organização sabe (ou pelo menos deveria saber) de suas necessidades, tanto de pessoal quando financeira. Entretanto, o que muitas não percebem é que um quadro muito enxuto de colaboradores pode criar uma legião de "robôs", que ficam todo o dia fazendo as mesmas atividades, de forma incessante, pois não têm tempo a perder. Essa, definitivamente, não é uma situação interessante, tanto para a empresa quanto para seus funcionários.

Assim como tudo no mundo, as rotinas e processos de uma empresa podem e devem ser evoluídas. Para evoluir é necessário que haja liberdade, criatividade e inovação. Nenhum funcionário que esteja envolvido em um turbilhão de tarefas consegue ter tempo e cabeça para pensar em melhorias. E aí, o que acaba acontecendo é que as coisas são feitas sempre do mesmo jeito, perpetuando ineficiências e erros.

Cabe ressaltar que a empresa não é a única culpada pela falta de tempo destinado ao ócio criativo. Infelizmente o que podemos perceber hoje são funcionários totalmente despreparados cultura e psicologicamente. Mesmo que tivessem todo o tempo do mundo não seriam capazes de utilizá-lo de forma produtiva. Há também aqueles que se enrolam em atividades simples, gastando muito mais tempo que o necessário para executá-las. Para que uma pessoa consiga ser criativa e ter boas ideias é fundamental que ela se prepare para isso. Participar de palestras, simpósios, cursos e, principalmente ler bons livros. A leitura de bons livros abre a mente, desenvolve a capacidade de raciocínio e nos torna mais criativos.

Por fim, acredito na importância de um relacionamento pessoal entre líder e liderados. Não que todos precisem ser amigos pessoais, mas é em momentos descontraídos e aparentemente sem compromisso que conseguimos enxergar as dificuldades e problemas pelos quais alguém pode estar passando. O líder deve também dedicar parte de seu tempo, por mais escasso que seja, para sentar ao lado dos seus liderados, acompanharem suas rotinas, trocar experiências, dar dicas. Nestas ocasiões pode aparecer aquela lâmpada em cima da cabeça da gente, representando ideias que podem melhorar a vida daquele que executa as tarefas e principalmente trazer benefícios à empresa.

Estou lendo ...