quinta-feira, março 04, 2010

Por que ler os clássicos, Ítalo Calvino

O escritor italiano Italo Calvino (1923-1985), em seu livro Por que ler os clássicos [São Paulo: Companhia das Letras, 1993, pp. 9-16], propõe algumas definições muito interessantes de clássico:

"1. Os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: 'Estou relendo...' e nunca 'Estou lendo...'.

2. Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.

3. Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.

4. Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.

5. Toda primeira leitura de um clássico é na realidade uma releitura.

6. Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.

7. Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes).

8. Um clássico é uma obra que provoca incessantemente uma nuvem de discursos críticos sobre si, mas continuamente as repele para longe.

9. Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos.

10. Chama-se de clássico um livro que se configura como equivalente do universo, à semelhança dos antigos talismãs.

11. O 'seu' clássico é aquele que não pode ser-lhe indiferente e que serve para definir a você próprio em relação e talvez em contraste com ele.

12. Um clássico é um livro que vem antes de outros clássicos; mas quem leu antes os outros e depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na genealogia.

13. É clássico aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo.

14. É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível."

Por fim, acrescenta:

"[...] que não se pense que os clássicos devem ser lidos porque 'servem' para qualquer coisa. A única razão que se pode apresentar é que ler os clássicos é melhor do que não ler os clássicos."

Fonte: http://www.classicosabrilcolecoes.com.br/colecao.php

quarta-feira, março 03, 2010

[Livro] Jornal Nacional - Modo de Fazer, de William Bonner


Este é, definitivamente, um livro que merece ser lido. Não só lido, mas apreciado. O material utilizado na confecção do livro é de excelente qualidade, proporcionando um "contato" muito gostoso com as páginas. Com uma qualidade gráfica espetacular, mostra-se bem rico também em fotos.
Dividido em capítulos muito bem pensados e organizados, o livro permite ao leitor uma viagem aos bastidores do mais importante telejornal brasileiro. Bonner utiliza de exemplos muito claros para descrever situações pelas quais toda a equipe do JN passa no dia-a-dia. Ao contrário do que muitos pensam, existe um trabalho incansável, que envolve inúmeras pessoas praticamente o dia todo.

Importante também destacar a humildade do autor ao citar algumas situações em que seus próprios erros poderiam ter gerado situações constrangedoras. Com isso, enfatiza o papel da equipe e também descreve com propriedade a importância de uma hierarquia profissional.

Enfim, leitura indicadíssima a todos, tanto àqueles da área de jornalismo quanto aos que sempre tiveram o Jornal Nacional como sua ferramenta diária para ver o que de mais importante aconteceu no Brasil e no mundo.

segunda-feira, março 01, 2010

Natura: sabonetes em pencas, pra fatiar, em gomos e em lascas

Existem empresas que nasceram para serem admiradas. Uma delas é a Natura. Depois de passar por um período de incertezas, conseguiu retomar as rédeas de seu próprio destino, focando sempre em sua cultura e na inovação.

Apenas para citar um exemplo, enquanto os concorrentes contentavam-se em lançar produtos em outros formatos ou com outras fragrâncias, a Natura lançou a linha Ekos, baseada no conceito de sustentabilidade, usando matérias-prima fornecidas por pequenos grupos de pessoas que vivem na Amazônia. Com isso, passou a vender não somente seus produtos e sim uma "aura" de empresa verde, responsável, honesta, justa. Pode até ser que alguém não compre um sabonete da Natura pura e simplesmente em função dessa postura, mas isso vale no mínimo como critério de desempate na escolha do cliente.

Mostrando-se um nascedouro sem fim de novas ideias, a Natura está lançando novos produtos da linha Ekos. Alguns, em especial, me chamaram a atenção:

Sabonete em penca sortidos 
Sabonete para fatiar de cupuaçu 

Sabonete em gomos de cacau


Sabonete em lascas de murumuru

Enquanto os outros continuam pensando em novas fórmulas, novos cheiros, novas cores e novas embalagens, a Natura simplesmente "inventa" novos sabonetes. Não espera que uma demanda surja, ela a cria. Estabelece diferenciais. Nenhuma outra empresa terá para oferecer a seus clientes sabonetes em penca, pra fatiar, em gomos ou em lascas. Em função desse pioneirismo poderá, obviamente, cobrar mais caro por estes produtos. Agrega valor ao que já fabrica. É mais ou menos como vender café solúvel no lugar de café em grãos. O produto é o mesmo, mas a empresa agregou valor, cobrará mais caro por isso. A Natura, mais uma vez, sai na frente.

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