terça-feira, outubro 23, 2012

[Livro] As Esganadas, de Jô Soares


Jô Soares ficou famoso na TV pelos personagens que criou. Esse seu talento fica novamente evidente em "As Esganadas", onde o mais interessante do livro, sem dúvida alguma são os tipos criados pelo autor, alguns deles divertidíssimos.

A exemplo dos livros anteriores, Jô criou uma estória ambientada no passado e que envolve assassinatos, neste caso todas as vítimas são mulheres gordas. O curioso é que o autor dos crimes é revelado ao leitor logo no início da trama. A estória se desenvolve mesmo é na hilária busca das "autoridades" policiais por provas e por desvendar o mistério.

Para quem já leu os livros anteriores de Jô Soares, a despeito da leitura divertida, fica a impressão que leu-se da mesma coisa. O estilo e a forma de conduzir a estória são exageradamente iguais em todos eles. Como o livro permite uma leitura rápida e fácil, acaba sendo interessante como leitura de entretenimento. Acredito, entretanto, que está na hora do Jô dar uma renovada em seu modo de escrever, sob pena de começar a perder leitores, o que seria uma pena diante de tanto talento.

quarta-feira, outubro 17, 2012

[Livro] Cinquenta tons mais escuros, de E. L. James

"Cinquenta tons mais escuros" é o segundo volume da trilogia da escritora E. L. James, iniciada com o badaladíssimo "Cinquenta tons de cinza". Parece natural mas não custa ressaltar que o leitor deve ler os livros em ordem, sob pena de não entender nada do que está se passando.

Quando "Cinquenta tons de cinza" foi lançado gerou um burburinho imenso, atraindo milhões de leitores mundo afora. Apesar da narrativa e do enredo relativamente pobres, a novidade e os trechos eróticos light foram capazes de manter o interesse. O segundo volume - "Cinquenta tons mais escuros" - naturalmente deveria ter um algo a mais, visto que o tema já não era mais novidade para os leitores do primeiro livro, que mal puderam esperar seu lançamento.

Acredito que de certa forma a autora conseguiu criar novos focos de interesse na estória de Christian Grey e Anastasia Steele. O principal deles foi o "aparecimento" de novos personagens, alguns deles bastante intrigantes e interessantes. Outro destaque que eu faria é o de que a autora conseguiu até agora manter a coerência em relação à vida e ao estilo de Grey, o que passa ao leitor uma sensação de veracidade.

Em relação à temática BDSM, o personagem Christian Grey dá uma aliviada imensa neste segundo livro, apesar de retomá-la nos últimos capítulos. Não podemos dizer o mesmo do conteúdo erótico, que continua presente em quase 9 de cada 10 parágrafos do texto. 

Para leitores acostumados com uma literatura mais clássica e de mais qualidade, em certos momentos a pobreza da narrativa e do vocabulário saltam aos olhos, tornando cansativa. Mas isso não é um defeito em si. Quem pega um livro para ler, deve ter pelo menos uma noção do que se esperar dele. Ressalto novamente que, para este tipo de livro, os capítulos são demasiadamente longos. Indico para aqueles que buscam uma leitura simples, leve e de entretenimento. E também para aqueles que buscam algo bem mais interessante do que a simples (apesar de prazeirosa) leitura de um livro.  

sexta-feira, setembro 28, 2012

Kanban para os céticos: analisando e derrubando mitos negativos (Fonte: InfoQ)


Encontrei esse excelente artigo sobre Kanban no desenvolvimento de software. Ele faz um paralelo rápido com Scrum e mostra, na visão do autor, alguns benefícios do Kanban sobre ele. 

Eu, particularmente, acredito que os dois são ótimos e cada um é mais adaptável que o outro em determinadas situações. Não vejo uma “concorrência” entre eles. 

Kanban para os céticos: analisando e derrubando mitos negativos

quinta-feira, setembro 20, 2012

[Livro] O filho eterno, de Cristovão Tezza

Há algum tempo desejava conhecer a obra de Cristovão Tezza, autor bastante elogiado. E nada melhor do que começar com seu livro mais conhecido, "O filho eterno", ganhador de vários prêmios.

Inicialmente tudo leva a crer que todo o enredo gira em torno do filho do protagonista, que nasce com Síndrome de Down. Apesar de realmente boa parte do texto descrever o impacto para os pais da notícia de um filho "anormal", das dificuldades de aprendizagem e de socialização da criança, tal assunto é pano de fundo para que o pai externalize suas angústicas, seus medos, suas fragilidades e, por que não, suas qualidades.

A narrativa parte, em diversos momentos, de alguma situação cotidiana para rapidamente voltar-se a uma análise interior do protagonista. É como se fossem duas estórias sendo contadas ao mesmo tempo: uma do filho e outra do pai.

Em alguns raros momentos o texto torna-se um pouco cansativo e fora de foco, mas nada que prejudique a experiência positiva da leitura. Independente de qualquer coisa, o livro valeria apenas pelo seu final, onde o autor, de forma magistral, descreve como o futebol acabou sendo uma das melhoras ferramentas para a evolução de seu filho com Down.

sexta-feira, agosto 24, 2012

[Livro] Cinquenta tons de cinza, de E. L. James

Quando um livro começa a vender feito água é inevitável que as atenções se voltem pra ele. É um momento muito esperado pelos críticos literários de redes sociais e pelos intelectualóides de plantão. Críticas são sem bem-vindas, naturalmente, mas desde que coerentes e originais. Tenho lido muitos comentários sobre "Cinquenta tons" onde seus autores repetem a mesma ladainha utilizada com outros livros que tiveram sucesso comercial estrondoso. O primeiro ponto que deve ser considerado é o objetivo do autor. Imagino que E. L. James, ao escrever sua trilogia, nunca ambicionou ser uma Jane Austen. Seu objetivo, como de muitos outros autores é de propor um entretenimento literário leve e de consumo rápido. Dessa forma, por favor, não me venham com críticas como "os personagens não têm profundidade", "o vocabulário é pobre", etc. Queriam o que ? Que Anastasia Steele fosse uma Elizabeth Bennet e Christian Grey um Raskólnikov? É óbvio que o objetivo nunca foi este. Os clássicos são fundamentais mas se existissem apenas eles o hábito da leitura tornaria-se uma chatice.

Dito isso, vamos ao livro. Como toda pessoa que esteve minimamente informada nos últimos meses deve estar sabendo, "Cinquenta tons" é a obra de estreia da autora E. L. James na literatura comercial. Fazendo parte de uma trilogia, estourou de forma estrondosa nos países de língua inglesa. O estilo tem sido chamado de "mommy porn" (pornô para mães), pelo seu intenso conteúdo erótico, mas tratado de forma relativamente leve. Na minha opinião, "Cinquenta tons" é um conto erótico gigante, podendo agradar até mesmo aqueles não iniciados no tema.

O livro conta com vocabulário e frases simples, permitindo uma leitura rápida e fácil. Os capítulos têm bom tamanho, apesar de eu achar que poderiam ser um pouco menores, o que contribuiria ainda mais para o efeito "vira páginas" desse tipo de obra (estilo Dan Brown). O enredo não demora muito a engrenar e mantém um bom ritmo, tornando-se um pouco cansativo somente em alguns trechos bem curtos. Os dois personagens principais - Anastasia Steele e Christian Grey - apesar das considerações feitas no primeiro parágrafo deste texto, têm características bastante interessantes. Não há como negar que o tema erótico é um chamariz e, apesar de cumprir seu papel, na parte final o livro "esfria" um pouco, o que pode frustrar os leitores que estavam justamente gostando da "novidade". Mas nada que comprometa de forma importante ou decepcione profundamente.

Pessoas com limites rígidos quanto à conteúdos eróticos devem evitar "Cinquenta tons", bem como crianças e adolescentes. Na minha opinião, o livro é para maiores de 18 anos. Se você não é daqueles que acha que todo livro deve ter a qualidade de um Shakespeare e tem interesse ou curiosidade pelo tema, não tenho dúvidas de que vá gostar. 

quinta-feira, agosto 16, 2012

Comportamento assertivo

Em função de algumas situações enfrentadas recentemente no ambiente de trabalho, comecei a pesquisar sobre o tema "Assertividade".

Segundo definição encontrada no Wikipédia:

Assertividade é a habilidade social de fazer afirmação dos próprios direitos e expressar pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, clara, honesta e apropriada ao contexto, de modo a não violar o direito das outras pessoas. A postura assertiva é uma virtude, pois se mantém no justo meio-termo entre dois extremos inadequados, um por excesso (agressão), outro por falta (submissão). Ser assertivo é dizer "sim" e "não" quando for preciso. Pessoas com comportamento mais assertivo sentem menos ansiedade [...] melhor auto-estima. Conviver com pessoas assertivas também aumenta a auto-estima e diminui a agressividade.
 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Assertividade

Não é meu objetivo aqui discorrer sobre o tema. Gostaria apenas de indicar um excelente material sobre "Comportamento Assertivo" que encontrei na internet.Se você é daquelas pessoas que vivem sofrendo por não ter coragem de dizer as coisas no momento certo ou que fica agressivo diante de qualquer situação de confrontamento, não deixe de ler.

Material: Comportamento Assertivo (clique no link para acessar)

segunda-feira, julho 30, 2012

[Livro] O Brasil através das três Américas, de Beto Braga

Antes de mais nada é necessário tecer elogios pelo primoroso trabalho da Canal 6 Editora. Desde a belíssima capa dura que se encaixa até o papel utilizado, de excelente qualidade e textura agradabilíssima.

"O Brasil através das três Américas" narra a aventura de três brasileiros que, durante dez anos, cruzaram as Américas a bordo de dois Fords modelo T, com o sonho de mapear e viabilizar uma estrada que unisse todo o continente.

O autor, com muita propriedade, insere fatos e personagens históricos importantes, sempre relacionados com o momento em que a viagem se encontrava. O riquíssimo acervo fotográfico é um destaque indiscutível.

O livro começa com um bom ritmo, trazendo à tona várias curiosidades sobre os aventureiros, seus carros e a viagem. O problema é que, à medida que as páginas avançam o texto perde esse ritmo, tornando-se no final, um simples relato de datas, locais e nomes. Imperdoável também o desfecho, com pouquíssimos detalhes sobre a vida dos três brasileiros após o fim da viagem. Além disso, a natural curiosidade de como evoluiu (ou não) a ideia da grande "Carretera Panamericana" vira uma frustação, com pouquíssimas informações a respeito.

O ponto forte da obra acaba sendo realmente as fotos, o que torna o livro uma boa opção para ficar à mostra, disponível para uma folheada rápida e curiosa. 

quarta-feira, julho 11, 2012

Entrando em grandes projetos em andamento: Dicas para novos desenvolvedores

http://www.infoq.com/br/articles/tips-to-developers-starting-on-large-apps

10 ações para ter sucesso na adoção do Agile

http://www.infoq.com/br/articles/ten-things-agile-adoption

[Livro] Como se defender de ataques verbais, de Barbara Berckhan

Quantas vezes você já se deparou com uma ofensa, ficou petrificado e mudo diante da situação e depois se martirizou por não ter falado nada? Algumas pessoas, ao invés de ficaram caladas acabam exagerando, sendo mal educadas e perdendo totalmente a razão. Independente da forma como reagimos às agressões verbais, na maioria das vezes acabamos consumindo nossa energia, ficando nervosos e estressados e dando ainda mais poder ao agressor.

Considerando a praticamente infinita combinação de situações e perfis das pessoas com as quais lidamos, seria impossível criar um manual de instruções sobre como agir diante das agressões. O segredo de "Como se defender de ataques verbais" é não tentar ser esse manual completo e definitivo. O livro pode ser considerado autoajuda, mas não abusa dos lugares comuns e frases bonitas. É prático e objetivo.

Naturalmente mais indicado para pessoas com dificuldade em lidar com situações desse tipo, "Como se defender de ataques verbais" é um livro curto e fácil de ler. A leitura flui naturalmente diante dos vários exemplos e situações práticas. Deixa claro que cada pessoa deve usar a estratégia que mais lhe convém e que mais combina com sua personalidade. Sugere diversas abordagens sem estabelecer a regra do certo e do errado. Impera o bom senso, mas não há como negar que certas "sacadas" são extremamente úteis.

Importante mantê-lo sempre a mão para consultas, principalmente antes de reuniões e negociações importantes. Acredito ser interessante relê-lo periodicamente, fazendo com que as dicas sejam memorizadas e utilizadas de forma natural em nosso dia a dia.

terça-feira, julho 10, 2012

[Livro] O Vermelho e o Negro, de Stendhal

Mais de seiscentas páginas de uma literatura clássica, vocabulário rico e, de brinde, um realista e detalhado retrato da Europa do século XIX. Se isso não bastasse, um conteúdo recheado de palavras, frases e trechos filosóficos, disponibilizado ao leitor através da autoanálise dos personagens.

Ótimo, então "O Vermelho e o Negro" merece todos os elogios e indicações. Infelizmente, na minha opinião, não é bem isso. Apesar das qualidades citadas anteriormente, a obra não serve muito como um exemplo de leitura prazerosa. Apesar de trechos interessantes e com um bom ritmo, em vários momentos a leitura torna-se cansativa e sem empolgação. O autor exagera vez por outra nas discussões filosóficas e em estórias que não agregam em nada.

Aos personagens principais, falta-lhes carisma. Como, por exemplo, comparar as inconstantes e orgulhosas Srta. La Mole ou mesmo Sra. de Rênal com a encantadora e arrebatadora Elisabeth Bennet, de "Orgulho e Preconceito"? Sem comparação. Julien Sorel parece-me mais com um rebelde sem causa do que propriamente como um herói romanesco.

Minha indicação do livro seria somente aos amantes da literatura clássica, que sentem prazer não somente com um enredo empolgante mas também com um texto bem escrito, de qualidade cultural indiscutível.

quarta-feira, abril 11, 2012

A "twitterização" do email

As ferramentas web mais recentes estimulam seus usuários a serem ágeis, rápidos, totalmente online. Basta um clique para "Curtir". Talvez a maior prova dessa nova tendência seja o Twitter, onde cada post deve ter no máximo 140 caracteres. É para ser breve, rápido, conciso ! Sem escrever o que não precisa ser escrito.

O lado negativo disso tudo é que as pessoas estão se desacostumando a ler textos maiores. Não estou nem me referindo a livros ou revistas. Mesmo na internet, quando a pessoa se depara com algum post ou artigo que tenha mais de cinco linhas, dificilmente irá para lê-lo. Isso se torna ainda mais grave quando falamos não mais da utilização pessoal da tecnologia, e sim do uso profissional. Um belo exemplo é o tradicional email.

O email continua sendo uma importante ferramenta de trabalho. Sabemos que em diversas situações, em qualquer tipo de atividade profissional, temos a necessidade de formalizar certas decisões, deixá-las documentadas. Isso fica ainda mais evidente quando estamos tratando com clientes ou fornecedores. O email, no final das contas, vira uma "prova". Invariavelmente, o conteúdo de algumas mensagens acaba crescendo. Quando utilizamos a comunicação escrita, principalmente no trabalho, é indispensável que tudo esteja bem claro, para não dar margem a interpretações erradas. Aí vem o problema: mesmo profissionais competentíssimos, de empresas conceituadas, têm mostrado ultimamente uma preguiça inexplicável de escrever e ainda mais, de ler, emails mais extensos.

Pior do que não ler mensagens grandes é o processo de menosprezo pelo qual os profissionais que sabem escrever um bom texto têm passado. A impressão é a de que saber escrever um texto, expressar suas ideias de forma clara passou de virtude a defeito. Basta chegar um email com mais de dez linhas para que ele seja deixado de lado, mesmo que nele haja informações importantes. Tem sido preferível, pegar o telefone (ou Skype, etc, etc.), ligar para pessoa que mandou a mensagem e pedir que ela repita a mesma coisa por voz.

É natural que, em algumas situações, uma boa conversa por voz seja muito mais produtiva e útil do que a troca de mensagens. Mas não há como negar as vantagens de um email bem escrito. Ao ler uma mensagem escrita, o destinatário tem tempo para entender, reler, analisar cada ponto colocado, ao contrário de uma conversa por voz em que muitas vezes não tem tempo para raciocinar, para formar uma opinião mais embasada. Quando desejamos nos comunicar com alguém muito ocupado, o email vira um grande aliado, uma vez que não interrompemos essa pessoa e ela tem a chance de dar toda a atenção ao assunto no momento que puder. Além é claro da vantagem natural de que aquilo que foi escrito, fica documentado, o que muitas vezes é essencial.

Espero sinceramente que a importância de uma boa comunicação escrita não perca seu valor com o tempo. Receio que em breve tenhamos também um limite de 140 caracteres, ou menos, para uma mensagem de email.

segunda-feira, março 19, 2012

[Conto] Nos corredores do hospital

Rafaela finalmente havia conseguido aquele tão sonhado estágio em um dos melhores hospitais do país. Depois de tanto ralar na faculdade foi selecionada, depois de dois anos batalhando por aquela vaga. Apesar de um currículo invejável para qualquer enfermeira da sua idade, percebeu que desta vez sua beleza havia ajudado. E muito.

O diretor da área em que estava atuando era um médico de meia idade, não muito além dos quarenta. Desde aquele momento em que entrou em sua sala para a entrevista percebeu que ele tinha um jeito diferente. Extremamente educado, seu olhar era penetrante. Desconcertante. Apesar de um tom muito profissional, percebeu que aquele homem era daqueles dos quais gostava muito; safados na medida certa. Bem ao contrário do seu namorado.

O namoro já se arrastava há seis anos, desde o início da faculdade. No começo até que era legal, os dois com aquele ímpeto natural dos jovens, principalmente em início de namoro. Ele tinha uma pegada ... Uau. Tinha. Há algum tempo o relacionamento resumia-se a jantares, filminhos com pipoca. O sexo existia, mas mecânico e com ar de obrigatoriedade. Nem quando ele começou a trabalhar na melhor academia da cidade, atuando com personal trainer de mulheres maravilhosas a coisa mudou. Rafaela chegou até sentir um pouco de ciúme, depois imaginou que conviver com mulheres daquele nível poderia deixá-lo mais interessado. Nem isso.

Ela recebia inúmeras cantadas, todos os dias. Todas as noites. Mesmo porque ela não se preocupada em disfarçar seu belo corpo, malhado e empinado, sempre por baixo das famosas roupas de enfermeira, fruto dos mais inenarráveis fetiches masculinos. Ela gostava disso, de ser observada, desejada. Cada vez que cruzava com o tal diretor nos corredores do hospital, sentia aquele olhar passear desde a base do seu salto alto até o último fio de cabelo. Como tinha a curiosidade de virar para trás, para ter certeza de que ele torcia o pescoço para observar sua bunda. Ela, que de santa não tinha nada, provocava com olhares, sorrisos e com alguns centímetros a menos de saia.

Tortura era sair daquele ambiente com o sangue fervilhando de tesão e depois ter que assistir a nova das nove na casa da sogra, sentada naquele sofá desconfortável. Para dar vazão a toda aquela vontade, começou a sugerir coisas novas para o namorado. Mas ele se mostrava sempre cansado, indisposto. Há algum tempo começou a se mostrar ainda mais calado.

Bem  na época em que decidiu investir mais seriamente na loucura de seduzir seu diretor, começou a senti-lo diferente e distante. Já não a olhava com o mesmo desejo. Estava muito sério, raramente sorria. Não esperava mais ela passar no corredor para ir atrás, se deliciando com seu andar. Naquele dia, sentada na cantina do hospital junto com uma colega de trabalho, o viu passar de cabeça baixa. "O que aconteceu com o diretor? Ele está tão diferente". A amiga respondeu: "Não está sabendo do babado? A mulher dele o largou. Está saindo com o personal trainer dela e ainda saiu falando que ele não dá conta do recado". Intrigada, Rafaela fez uma última pergunta: "Personal trainer ? Qual é a academia da mulher dele?". Já se levantando, ouviu a resposta: "É a mesma que seu namorado trabalha".

terça-feira, março 13, 2012

Scrum meio período

Antes de mais nada, quem não conhece Scrum por favor dê uma olhadinha aqui [http://pt.wikipedia.org/wiki/Scrum].

A cada dia, a utilização da metodologia Scrum tem crescido na comunidade de desenvolvimento de software. Mesmo que alguns tenham críticas a algum ponto do Scrum, é quase consenso de que ele proporciona excelentes ganhos. Para empresas e equipes que trabalham exclusivamente no esquema de projetos, a metodologia pode ser aplicada naturalmente. Problemas e dúvidas surgem quando se quer implantá-la em equipes de desenvolvimento de software que realizam atividades paralelas, como por exemplo atendimento à usuários e suporte técnico.

Uma das principais características do Scrum é definir a "quantidade" de coisas (backlog) que poderá ser feita pela equipe dentro de um determinado período de tempo (Sprint). Mas de que forma esta equipe poderá definir com quanto poderá se comprometer se não sabe quanto tempo poderá se dedicar ao projeto?

Uma das saídas seria determinar um percentual do tempo que será dedicado exclusivamente ao projeto, baseando-se em algum tipo de métrica histórica. Alguém então poderia dizer: "Bem, podemos considerar que nossa dedicação exclusiva será de 50%, ou seja, 4 horas por dia. Perfeito, podemos começar".

Mas ... o que acontecerá no dia em que não houver nenhuma atividade, nenhuma interrupção causada por fatores externos ao projeto? Os desenvolvedores ficarão metade do dia à toa? Claro que não ... irão trabalhar no projeto, naturalmente. Aí temos um novo problema: no Scrum é importantíssimo que com o tempo o time consiga ter uma boa noção de quanto trabalho (quantidade de pontos) consegue realizar durante um Sprint. Se o tempo de trabalho dedicado ao projeto variar a cada Sprint, essa métrica não será confiável, tornando praticamente impossível fazer um planejamento de duração total dos projetos.

Tenho lido bastante coisa sobre Scrum e não encontrei ninguém falando sobre esta situação. Os livros e sites falam de Scrum apenas para a realidade de uma fábrica de software ou departamentos exclusivamente dedicados a projetos. Como minha experiência com Scrum se resume também a cenários como estes, não tenho experiência prática para dar uma solução mágica. Penso, entretanto, em uma alternativa que considero viável.

No início de um Sprint, a equipe se compromete com o P.O. (Product Owner, aquele que define o que tem que ser feito) a entregar determinadas funcionalidades ao fim do prazo determinado. Em situações em que a equipe não tem dedicação exclusiva a projetos, entendo que deverá haver uma flexibilidade muito grande do P.O. em aceitar uma negociação com o Scrum Master no sentido de cancelar ou adicionar estórias no decorrer do Sprint. Se o time está conseguindo se dedicar menos que imaginava, negocia a retirada de algumas estórias do Sprint. Por outro lado, se estiver tendo mais tempo, pode puxar estórias novas. Para que isso funcione, além de um excelente relacionamento entre P.O. e Scrum Master, é necessário que o primeiro mantenha o backlog muito bem priorizado e com o mínimo de dependências possível, de forma a ser possível ter a flexibilidade mencionada.

Fazendo desta forma, acredito que a equipe consiga ter um primeiro contato com o SCrum. Com o tempo, será possível adaptar-se ainda mais à cada realidade, conseguindo dimensionar de uma maneira mais exata com quantos pontos poderá se comprometer, diminuindo cada vez mais a necessidade de ficar negociando entrada ou saída de estórias no decorrer do Sprint.

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Livros lidos em 2011

O ano de 2011 não foi um dos mais produtivos para mim em termos de leitura. Mudança de trabalho, muitas viagens ... tudo isso contribuiu de alguma forma para diminuir a minha média anual, que particularmente acho aquém do que seria o indicado. Segue abaixo a lista das obras lidas no último ano:

1) Uma breve história do século XX
2) Os segredos da ficção
3) Contos húngaros
4) Madame Bovary
5) Então você quer ser escritor?
6) Boa ventura
7) Cafajeste, substantivo feminino
8) Shopping Centers
9) Escolher ou ser escolhido
10) Orgulho e preconceito
11) O discurso do rei

Destes, o melhor sem nenhuma dúvida é "Orgulho e preconceito", com louváveis menções à "Madame Bovary" e "Boa ventura".

terça-feira, janeiro 03, 2012

[Livro] Você é do tamanho dos seus sonhos, de César Souza

Definitivamente não posso ser considerado um dos maiores apreciadores do gênero autoajuda. Acredito que nesta área existe uma quantidade muito maior de livros ruins do que em outras. Muito deles não são só ruins mas também enganosos. Mas, é claro, não podemos generalizar. Existem bons e honestos autores de autoajuda que devem ser respeitados, à despeito de eu gostar ou não de seus livros. Por qual motivo então eu li "Você é do tamanho dos seus sonhos"? Simplesmente porque o ganhei de presente de pessoas que tenho bastante admiração e em um momento de grande mudança profissional. Precisava convencer a mim mesmo de que havia tomado a decisão certa. Não haveria momento mais adequado para um livro de autoajuda. O livro é de leitura rápida e fácil. Cheio de exemplos e estórias, facilita bastante a fluidez e não cansa o leitor. O currículo do autor Cesar Souza, que por muitos anos trabalhou na Odebrecht, colabora para dar credibilidade ao que fala, ao contrário de outros autores de autoajuda que a única coisa que fizeram na vida foi escrever livros e dar palestras. Acredito que o objetivo principal do livro seja o de estimular os leitores a identificarem e acreditarem em seus sonhos, sejam eles pessoais ou profissionais. O autor até que consegue em alguns trechos, mas o livro em alguns momentos soa superficial demais. Em minha opinião, o pior problema de livros como esses é o de tentar fazer o leitor acreditar que basta força de vontade para conseguir as coisas. É claro que esse é o primeiro passo, mas tem muito mais coisa envolvida. Ao citar e enfatizar apenas histórias de sucesso, livros como este, de certa forma, escondem que para cada sucesso pode ter havido inúmeros fracassos. É bonito analisar, depois de saber que deu certo, casos em que determinada pessoa arriscou tudo, vendeu tudo para apostar no seu sonho. Poucos falam que, ao arriscar tudo por um sonho, muitos acabaram colocando a si mesmos e a família em situação extremamente difícil. Recomendo a leitura para quem gosta do assunto, mas é necessária uma leitura crítica, com os pés no chão, como diz o próprio autor em algumas passagens.

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