quinta-feira, março 26, 2009

O livro de Ouro da Liderança, de John C. Maxwell

Terminei a leitura de "O livro de Ouro da Liderança", do conceituado autor John C. Maxwell. A obra é da editora Thomas Nelson, tem 272 páginas e pode ser encontrado por um preço bastante atrativo.

Maxwell é muito conhecido por suas paletras, vídeos e livros sobre liderança. Desenvolveu ele mesmo uma carreira longa como líder e tem se dedicado à difícil tarefa de formar novas lideranças.

Seguindo um conselho do próprio autor, deixei o livro em cima de minha mesa de trabalho e sempre que possível, no final do dia, eu lia um capítulo. Não há interconexão entre os capítulos, o que torna possível uma leitura livre de sequência.

Minha opinião é que se trata de um material riquíssimo e de caráter extremamente prático para coordenadores, gerentes, diretores. Ao contário de várias obras de autoajuda que têm surgido e ficam num blablabla sem fim, "O livro de Ouro da Liderança" aborda diretamente o dia-a-dia de um líder com conselhos, dicas e reflexões extremamente válidas.

Somente não aconselho sua leitura para profissinais que ainda não têm um mínimo de experiência em gerenciar equipes. Neste caso, apesar de poder acrescentar algum conhecimento, faria com que o material fosse sub-aproveitado.

terça-feira, março 24, 2009

A compreensão do óbvio, por Max Gehringer

Estou lendo o livro "Clássicos do mundo corporativo", do excelente Max Gehringer. É um livro de fácil leitura, muito divertindo e interessante. Resolvi compartilhar com vocês um dos "causos" contidos no livro:

A compreensão do óbvio

Já passei por alguns dissabores na vida profissional por me esquecer de falar o óbvio.

O óbvio é aquela coisa que achamos que, por ser tão óbvia, nem precisa ser dita, porque todo mundo já está cansado de saber. Mas, na prática, não é bem assim.

Havia alguns anos, trabalhava na empresa líder do ramo de batatinhas fritas. Nosso produto tinha uma liderança enorme e folgada, coisa de 70% do mercado. Um dia, um concorrente resolveu escrever no pacotinho de batata esta frase: "Não contém colesterol".

Não passou uma semana e os nossos gerentes pelo Brasil afora começaram a me ligar para perguntar se não poderíamos também fazer uma batatinha frita sem colesterol. Respondi que nossa batata não continha colesterol. Era óbvio. Batatas são fritas em óleo vegetal, e óleo vegetal não tem colesterol. Apenas gordura de origem animal tem colesterol.

O que era óbvio para mim não era óbvio para o consumidor. As vendas começaram a cair até que determinado dia me rendi ao óbvio. Pedi para escreverem bem grande no pacotinho: "Totalmente sem colesterol". As vendas voltaram ao normal. Os meus gerentes até escreverem elogiando o sabor da nova batatinha sem colesterol, sem acreditar que a batatinha era a mesma de sempre.

Daquele dia em diante, aprendi que boa parte dos mal-entendidos e dos desencontros em empresas acontece porque alguém achou que não precisava ficar repetindo todos os dias o que todo mundo deveria estar cansado de saber. Mas por que estou dizendo estas coisas, já que são tão óbvias? Exatamente por isso.

O "baixo clero" nas empresas

Muitos devem se lembrar de um acontecimento de 2005 que causou surpresa na Câmara dos Deputados, em Brasília. O então deputado Severino Cavalcanti, tido como um azarão, foi eleito presidente da Câmara. Sua eleição só foi possível porque o chamado "baixo clero" - grande maioria dos deputados sem expressão e presença na mídia – resolveu apoia-lo.

Cada empresa também tem seu "baixo clero". É formado geralmente por aqueles funcionários que têm salário baixo e que não exercem nenhuma influência nas decisões. É a chamada "peãozada". A maioria é desconhecida da diretoria da empresa e passa totalmente desapercebida. O alto escalão da empresa muitas vezes não liga a mínima para este pessoal, tendo na cabeça a ideia de que funcionários deste nível são descartáveis e encontrados quando quiser e na quantidade que quiser. E aí que muita empresa erra feio.

Todo funcionário, independente do salário que recebe, tem sua cota de contribuição para as coisas darem certo ... ou darem errado. Nenhum coordenador, gerente ou diretor consegue fazer seu trabalho bem feito se todos abaixo dele não executarem suas funções com empenho e qualidade. No livro "O livro de ouro da liderança", o autor John C. Maxwell escreve:

"Acho que, às vezes, cria-se uma ideia equivocada de que os líderes de peso - especialmente os grandes personagens da História - são capazes de realizações importantes seja qual for o tipo de ajuda que recebam dos outros. Acreditamos que Alexandre o Grande, Júlio César, Carlos Magno, Luís XIV, Abraham Lincoln, D. Pedro I e Winston Churchill teriam sido pessoas notáveis independente do apoio que recebessem. Mas isso não é verdade. Se não tivessem contado com muita gente disposta a trabalhar com eles, não teriam alcançado o sucesso".

Funcionários de médio e alto escalão frequentemente estão em contato com a diretoria da empresa, podendo expor seus anseios e sua angústias. Além disso, têm seu trabalho acompanhando de perto e os sucessos não raramente são premiados com bônus e promoções. Já o pessoal do "baixo clero" segue naquela vidinha de sempre, muitas vezes sem ninguém notar se ele foi trabalhar ou não. A questão principal que quero destacar é que qualquer funcionário precisa de motivação para render. Logicamente as necessidades e objetivos de cada pessoa diferem muito, principalmente em cargos muito diferentes. Mas são seres humanos da mesma forma. Se não estiverem trabalhando felizes e em busca de um objetivo, dificilmente irão gerar bons resultados.

Quando um funcionário que ganha R$ 600 pede demissão, pouca gente dá a mínima, visto que é muito fácil arrumar pessoas nessa faixa salarial no mercado de trabalho. É mais ou menos como se a empresa dissesse: "Não quer, tem quem quer ...". Acontece que mesmo um funcionário que ganha R$ 600 pode ser um ótimo funcionário, acima da média. Ele está ganhando R$ 600 porque não teve oportunidade de estudar, foi criado em uma família que não o estimulou. Mas isso não quer dizer que ele todos sejam iguais. Há os "peões" excelentes e há os "peões" que não mereceriam ganhar nem os R$ 600. Exatamente como existem ótimos gerentes e outros nem tanto.

Se não for dada a devida atenção ao "baixo clero" de uma empresa, ela pode ter sérios problemas. Talvez não aconteça uma greve um rebelião mas pode acontecer aquele tipo de boicote silencioso, do dia-a-dia, onde alguns funcionários realizam suas tarefas em marcha lenta ou de forma errada. O turnover aumentará, exigindo novos treinamentos, novas adaptações. Apesar de muitas vezes ser difícil mensurar o impacto deste tipo de problema, com certeza o custo se mostrará alto ... mais cedo ou mais tarde.

quarta-feira, março 18, 2009

Medo de perguntar x Mania de perguntar

Na escola quando o professor explicava algo e você não entendia corretamente, levantava o braço pra perguntar? Pois é, muita gente nunca teve coragem de levantar a mão pra perguntar. E muitas pessoas continuam assim mesmo depois de maduras, com a carreira profissional se desenvolvendo. É mais comum do que podemos imaginar. Os motivos desse medo de perguntar são os mais diversos: timidez, problemas familiares durante a infância, falta de estímulo, insegurança, baixa autoestima ...

Pessoas que têm medo de perguntar vivem com muita angústia, temendo ser ridicularizadas quando demonstrarem desconhecimento sobre algum assunto. Por isso se calam. Mas como diz um antigo provérbio chinês, é melhor perguntar e ser tolo por 5 minutos do que não perguntar e ser tolo pela vida inteira.

Ninguém nasce sabendo. Temos duas formas de aprender: lendo ou absorvendo conhecimento de alguém. E o aprendizado não se dá somente na escola, se dá também em conversas, bate-papos, vendo jornal na TV e mais em uma infinidade de situações. Quem não pergunta, limita bastante suas possibilidades. Perguntando as coisas certas, no momento certo e às pessoas certas poupamos nosso tempo, uma vez que absorvemos um conhecimento já estabelecido e experimentado. E, ao contrário do que muita gente pensa, todo mundo gosta de demonstrar conhecimento. Sendo assim, quando quiser perguntar algo à alguém e estiver com medo dessa pessoa achar ruim, saiba que se perguntar da maneira certa e prestar bem atenção à sua resposta, ela se sentirá excepcionalmente bem em mostrar que conhece o assunto como poucos.

Se encontramos muitas pessoas com medo de perguntar, no extremo oposto existem as pessoas com mania de perguntar. Temos dois tipo de maníacos por perguntar: o exageradamente curioso e o inseguro.

O curioso todo mundo conhece, é aquele que quer saber de tudo, toda hora, com detalhes. É como se estivesse naquela fase em que as crianças perguntam "por que" à todo momento. Pessoas assim, apesar de inconvenientes em algumas situações, geralmente não incomodam. O problema maior são os inseguros.

Neste caso específico me refiro à pessoas inseguras como aquelas que nunca têm confiança pra fazer as coisas sozinhas. Sabe aquele funcionário que você já explicou como fazer uma coisa 200 vezes e quando precisa fazer de novo ele pergunta novamente? Esses são os piores ... Tomam o tempo de todo mundo, exigindo um retrabalho enorme e gerando estresse desnecessário.

O inseguro pode perguntar a mesma coisa várias vezes por dois motivos: ou porque é limitado e não consegue aprender ou então porque não quer ter a responsabilidade de fazer determinada tarefa sem perguntar, visto que uma vez tendo novamente a resposta ele acha que está dividindo a responsabilidade. Se der errado, ele logo vai dizer: "Ai, mas o fulano me disse que era pra fazer assim ...". Estamos cheios de inseguros no mercado de trabalho. Muitos são até bem vistos pelos seus chefes, que mal sabem que por trás de toda aquela "eficiência" tem um coitado que é "alugado" o dia inteiro.

Gerentes, coordenadores, chefes em geral: cuidado com os inseguros! Eles geram retrabalho e atrapalham muito aqueles que realmente são eficientes. Devemos identificar os inseguros rapidamente e tentar fazê-los evoluir. Se não for possível, peça para eles cultivarem sua insegurança em outros ares.

sexta-feira, março 13, 2009

Mais uma opinião sobre a importância de saber escrever

Como sempre, sucinto e claro, Max Gehringer reafirma a importância de saber escrever corretamente. Mais do que isso, ele toca em um ponto que eu sempre destaquei: aprende-se a escrever corretamente quando se lê bastante.

sexta-feira, março 06, 2009

Off-Topic: Estupro, aborto e excomunhão

Sempre evitei ao máximo escrever assuntos fora do contexto aqui neste blog. Desta vez não resisti, tinha que expor minha indignação em algum lugar.

A história

Uma garota de 9 anos, em Recife, é estuprada pelo próprio padrasto. Engravida ... e de gêmeos. A equipe médica analisa o caso e chega à conclusão de que essa gravidez colocaria em risco a vida da menina. Mãe e médicos decidem que a única solução segura é induzir o aborto.

A lei

No Brasil o aborto é permitido em duas situações: casos de estupro e quando a gravidez ou o parto coloca a vida da mãe em risco.

A Igreja Católica

Como quase sempre, em sua visão retrógrada e míope, a Igreja Católica não admite aborto em nenhuma situação.

O desfecho

A garota é internada e com toda a assistência e aparato médico o aborto é realizado. Ela passa bem. O arcebisco de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho decide pela excomunhão dos médicos e da mãe da criança. Segundo a Globo.com, ao justificar sua ação, dom José Cardoso Sobrinho disse que, aos olhos da Igreja, o aborto foi um crime e que a lei dos homens não está acima das leis de Deus.

Excomunhão (Fonte: Wikipedia)

É uma das maiores penas que um fiel pode receber da Igreja. Cujo fiel fica proibido de receber os Sacramentos e de fazer alguns atos Eclesiáticos. A excomunhão faz parte das censuras no Código de Direito Canônico, sendo uma das três mais duras e severas.

Desabafo

Sou católico praticante. Minha família é de católicos, também sempre muito praticantes. Mas nesse momento, sinceramente, eu tenho VERGONHA de ser católico. O ato desse arcebispo é egoísta, hipócrita e indecente. Quem é ele para julgar a equipe médica e a mãe? É dessa forma que a Igreja Católica pretende melhorar o mundo em que vivemos? Repito, estou com VERGONHA de ser católico.

O que mais me indigna é que tenho certeza que o monstro do padrasto dessa menina é bem capaz que receba o perdão da Igreja. Vai para a prisão, lá se converte, pede perdão e a Igreja o concede, argumentando que ele está arrependido do ato que fez. Já a mãe da menina e os médicos estão excomungados. Em pleno século XXI a Igreja insiste em inverter a lógica.

Mas infelizmente isso não me surpreende. A Igreja Católica no Brasil tem um histórico de defender os bandidos e querer punir ou criticar as pessoas de bem. Sempre esteve e ainda está ligada aos ditos movimentos populares, como por exemplo na atuação da tal Pastoral da Terra em conjunto com o MST.

O que mais me tranquiliza é que minha fé é em Deus e não nos homens. Sinceramente, se eu fosse levar em conta coisas como essa que aconteceu eu nunca mais pisaria em uma Igreja. Mas sei separar as coisas.

É bom também destacar que existem muitos padres católicos que são pessoas de bem, que buscam ajudar ao próximo e cumprir sua missão. Eu mesmo conheço pessoalmente vários deles, que sabem disso.

E que Deus tenha compaixão desse arcebispo.

Estou lendo ...