quarta-feira, dezembro 03, 2008

Revista Você S/A

A revista Você S/A, da Editora Abril, atua em um nicho pouco explorado no Brasil, que é o de aconselhamento de carreira e investimentos. Existem inúmeros livros sobre o assunto, mas revistas são muito poucas. Sou assinante já há alguns anos e tenho uma relação de "amor é ódio" com a revista.

Sinto "amor" porque é uma revista bem feita, bem editada, com informações atualizadas e importantes. Sou da opinião que todo o conhecimento de qualidade agrega valor às nossas vidas. É importante saber sobre novas tendências, cursos, teorias, principalmente quando se ocupa um cargo de liderança. Sua leitura também faz com que o profissional não se acomode, esteja continuamente em busca de aperfeiçoamento. Mas é aí que vem o "ódio" ...

Muitas vezes, ao ler alguns artigos ou notícias a primeira reação que vem à mente é: "Nossa, eu realmente estou ganhando mal, sabendo pouco e preciso melhorar demais pra ser alguém respeitado profissionalmente !!!". E não sou eu o único a pensar desta forma. Já conversei com alguns amigos sobre este assunto e eles se sentem da mesma forma.

A questão é que a linha editorial da revista é exageradamente focada em profissionais no topo do mundo empresarial. São constantes as reportagens falando sobre cursos e mais cursos no exterior, anos sabáticos, experiência profissional nos 5 continentes, salários astronômicos, ascensão meteórica ...

Você nunca morou no exterior? Ah, não acredito !!! Não teve seu salário multiplicado por 7 nos últimos 5 anos? Está mal, hein ?! Não sabe falar fluentemente inglês, espanhol e mandarim ? Você estará fora do mercado nos próximos anos ... Esta é a idéia que fica ao ler os artigos e reportagens.

O que eu acredito é que a revista deveria descer um pouco do pedestal. É lógico que existem profissinais com as características acima citadas. Melhor ainda seria se todos tivessem a oportunidade de ter estes conhecimentos. Mas a vida real não é assim!!! Eles se esquecem da multidão de profissionais que fazem as empresas funcionarem dia após dia e que não são esses "super-heróis" que ilustram as reportagens. Cada um tem o seu papel! Ninguém estará fora do mercado por não saber falar mandarim, muitos não estarão mesmo sem falar inglês.

O que me motivou a escrever sobre este assunto é que na sua última edição, em um artigo entitulado "Sem filme queimado", a autora afirma que o Português está em desuso para alguns executivos. Como assim??? Executivos brasileiros, que moram no Brasil, que gerenciam empresas brasileiras (ou filiais brasileiras) não estão falando mais o Português? Ah, me poupem ... Por ironia do destino, no mesmo artigo há um erro de Português bem característico: usaram a palavra "descrição" ao invés de "discrição". Para ajudar aqueles que já tem estão com o Português em desuso, seguem abaixo os significados das duas palavras:

dis.cri.ção
s. f. 1 Qualidade de discreto. 2 Circunspeção, prudência.

des.cri.ção
s. f. Ato ou efeito de descrever.

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