quarta-feira, abril 11, 2012

A "twitterização" do email

As ferramentas web mais recentes estimulam seus usuários a serem ágeis, rápidos, totalmente online. Basta um clique para "Curtir". Talvez a maior prova dessa nova tendência seja o Twitter, onde cada post deve ter no máximo 140 caracteres. É para ser breve, rápido, conciso ! Sem escrever o que não precisa ser escrito.

O lado negativo disso tudo é que as pessoas estão se desacostumando a ler textos maiores. Não estou nem me referindo a livros ou revistas. Mesmo na internet, quando a pessoa se depara com algum post ou artigo que tenha mais de cinco linhas, dificilmente irá para lê-lo. Isso se torna ainda mais grave quando falamos não mais da utilização pessoal da tecnologia, e sim do uso profissional. Um belo exemplo é o tradicional email.

O email continua sendo uma importante ferramenta de trabalho. Sabemos que em diversas situações, em qualquer tipo de atividade profissional, temos a necessidade de formalizar certas decisões, deixá-las documentadas. Isso fica ainda mais evidente quando estamos tratando com clientes ou fornecedores. O email, no final das contas, vira uma "prova". Invariavelmente, o conteúdo de algumas mensagens acaba crescendo. Quando utilizamos a comunicação escrita, principalmente no trabalho, é indispensável que tudo esteja bem claro, para não dar margem a interpretações erradas. Aí vem o problema: mesmo profissionais competentíssimos, de empresas conceituadas, têm mostrado ultimamente uma preguiça inexplicável de escrever e ainda mais, de ler, emails mais extensos.

Pior do que não ler mensagens grandes é o processo de menosprezo pelo qual os profissionais que sabem escrever um bom texto têm passado. A impressão é a de que saber escrever um texto, expressar suas ideias de forma clara passou de virtude a defeito. Basta chegar um email com mais de dez linhas para que ele seja deixado de lado, mesmo que nele haja informações importantes. Tem sido preferível, pegar o telefone (ou Skype, etc, etc.), ligar para pessoa que mandou a mensagem e pedir que ela repita a mesma coisa por voz.

É natural que, em algumas situações, uma boa conversa por voz seja muito mais produtiva e útil do que a troca de mensagens. Mas não há como negar as vantagens de um email bem escrito. Ao ler uma mensagem escrita, o destinatário tem tempo para entender, reler, analisar cada ponto colocado, ao contrário de uma conversa por voz em que muitas vezes não tem tempo para raciocinar, para formar uma opinião mais embasada. Quando desejamos nos comunicar com alguém muito ocupado, o email vira um grande aliado, uma vez que não interrompemos essa pessoa e ela tem a chance de dar toda a atenção ao assunto no momento que puder. Além é claro da vantagem natural de que aquilo que foi escrito, fica documentado, o que muitas vezes é essencial.

Espero sinceramente que a importância de uma boa comunicação escrita não perca seu valor com o tempo. Receio que em breve tenhamos também um limite de 140 caracteres, ou menos, para uma mensagem de email.

Um comentário:

Marina Carla disse...

Concordo plenamente!
Há que se dar um basta nessa preguiça crônica que pessoas,mesmo eficientíssimas, têm de ler. Como se pudéssemos dar informações essenciais assim, em poucos caracteres, de modo corrido. O e-mail continua sendo um modo importantíssimo de comunicação.
Até.

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