Sou um apreciador de contos já há algum tempo. Talvez porque eu sonhe algum dia poder publicar os meus. Mas enquanto isso não acontece, os leio com dois objetivos: me divertir e aprender - plenamente atendidos nessa obra do paranaense Miguel Sanches Neto, bem conceituado no meio literário como crítico e autor.
Em uma resenha que fiz sobre um livro de contos de Tchecov, afirmei que os contos (em especial aqueles mais curtos) devem oferecer ao leitor um final que cause alguma surpresa, algo inesperado, que o faça pensar "eu realmente não tinha pensado nesse desfecho". Mas a literatura não define métodos, regras. É uma arte e, como tal, dá liberdade ao artista para fazer o que quiser. Se vai ficar bom, é outra história. Tchecov é um exemplo: seus contos tem finais melancólicos. São contos ruins? Claro que não, são ótimos. Mas continuo preferindo aqueles que me surpreendem. Sanches Neto consegue isso em vários dos contos deste livro, em especial nos excelentes "Sangue", "Animal nojento", "Redentor" e "Na minha idade", além do último, que dá nome ao livro, deliciosamente ousado e admirável.
Se existe um conselho que eu daria às pessoas que não curtem muito literatura mas que sentem-se culpadas por isso é começar lendo contos. São curtos, geralmente de leitura leve e agradável. Devem manter um bom livro de contos sempre à mão, para ler no banheiro, na cama antes de dormir, ou mesmo em uma viagem ou sala de espera de algum consultório médico. Mas tem que ser um livro bom, como este agradabilíssimo "Então você quer ser escritor?".
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