quarta-feira, abril 01, 2009

O ócio criativo

No livro "O Ócio Criativo", o autor Domenico De Masi discorre sobre a importância de termos um tempo livre para introspecção, revisão de conceitos, para ter atitudes criativas e inovadoras. Atualmente somos bombardeados por artigos, livros e conceitos que insistem em mostrar como eficiente aquela pessoa que vive ocupada, sem tempo para mais nada além do trabalho. De Masi não concorda de forma alguma com isso, no que eu o apóio totalmente.

O que podemos perceber nas empresas são pessoas e equipes ligadas no 220v. Trabalho, trabalho e mais trabalho. Mal têm tempo para ir ao banheiro ou tomar aquele precioso cafezinho. Caso apareça alguma necessidade que fuja daquela rotina pré-determinada é sinal certo de horas extras ou trabalho em casa. Reuniões são realizadas apenas para discutir os problemas existentes e formas rápidas de solucioná-los, sem perda de tempo. A conversa entre os membros da equipe ou entre equipes resume-se ao estritamente necessário. Muitas vezes bate-papos entre o próprio líder e sua equipe tornam-se escassos.

A realidade é que as empresas têm diminuído seu quadro de funcionários ao máximo, buscando redução de custos. Quanto à isto não cabe crítica, visto que cada organização sabe (ou pelo menos deveria saber) de suas necessidades, tanto de pessoal quando financeira. Entretanto, o que muitas não percebem é que um quadro muito enxuto de colaboradores pode criar uma legião de "robôs", que ficam todo o dia fazendo as mesmas atividades, de forma incessante, pois não têm tempo a perder. Essa, definitivamente, não é uma situação interessante, tanto para a empresa quanto para seus funcionários.

Assim como tudo no mundo, as rotinas e processos de uma empresa podem e devem ser evoluídas. Para evoluir é necessário que haja liberdade, criatividade e inovação. Nenhum funcionário que esteja envolvido em um turbilhão de tarefas consegue ter tempo e cabeça para pensar em melhorias. E aí, o que acaba acontecendo é que as coisas são feitas sempre do mesmo jeito, perpetuando ineficiências e erros.

Cabe ressaltar que a empresa não é a única culpada pela falta de tempo destinado ao ócio criativo. Infelizmente o que podemos perceber hoje são funcionários totalmente despreparados cultura e psicologicamente. Mesmo que tivessem todo o tempo do mundo não seriam capazes de utilizá-lo de forma produtiva. Há também aqueles que se enrolam em atividades simples, gastando muito mais tempo que o necessário para executá-las. Para que uma pessoa consiga ser criativa e ter boas ideias é fundamental que ela se prepare para isso. Participar de palestras, simpósios, cursos e, principalmente ler bons livros. A leitura de bons livros abre a mente, desenvolve a capacidade de raciocínio e nos torna mais criativos.

Por fim, acredito na importância de um relacionamento pessoal entre líder e liderados. Não que todos precisem ser amigos pessoais, mas é em momentos descontraídos e aparentemente sem compromisso que conseguimos enxergar as dificuldades e problemas pelos quais alguém pode estar passando. O líder deve também dedicar parte de seu tempo, por mais escasso que seja, para sentar ao lado dos seus liderados, acompanharem suas rotinas, trocar experiências, dar dicas. Nestas ocasiões pode aparecer aquela lâmpada em cima da cabeça da gente, representando ideias que podem melhorar a vida daquele que executa as tarefas e principalmente trazer benefícios à empresa.

2 comentários:

Anônimo disse...

Truta
Quer exemplo melhor que o Google, que é campeão em usufruir do ócio criativo dos funcionários...reza a lenda que 20% do tempo deles é livre, pra fazer o que quiserem.
Ahhh se eu tivesse 20% livre...


Abraço
Marcelo

Tarcísio Mello disse...

Exemplo ótimo o do Google. Não é à toa que eles lançam constantemente produtos inovadores e estão onde estão.

Obrigado pelo comentário !

Tarcísio

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