quarta-feira, agosto 17, 2011

Forme um sucessor ... e um sucessor para seu sucessor.

Vamos imaginar dois cenários:

A) Um gerente tirou 7 dias de férias e durante esse período foi contactado pelo celular inúmeras vezes para resolver problemas e dar direcionamentos à equipe que ficou na empresa. Alguns meses depois, recebeu uma excelente proposta profissional e decidiu trocar de emprego. A empresa sabia que não podia perdê-lo, fez contrapropostas e dificultou a sua demissão. Nas semanas seguintes à sua saída a empresa quase parou, precisou retornar à noite e nos finais de semana até que os remanescentes conseguissem "tocar o barco" sozinhos.

B) Um gerente tirou 20 dias de férias e durante esse período precisou responder dois emails com algumas dúvidas da equipe que ficou na empresa. Alguns meses depois, recebeu uma excelente proposta profissional e decidiu trocar de emprego. A empresa entendeu suas novas aspirações e não criou empecilhos. Nas semanas seguintes à sua saída a empresa continuou suas atividades normalmente. A equipe remanescente conseguiu, mesmo que com alguma dificuldade inicial, "tocar o barco" sozinha.

Baseado apenas no texto acima, qual dos dois gerentes você afirmaria que é melhor profissional, que agregou mais valor à empresa que trabalhou? Aquele que pouco se precisou dele durante as férias e após a sua saída ou o outro do qual a empresa precisou a todo o momento?

Muitos poderiam afirmar que o melhor profissional é o gerente do cenário A. É visível a sua importância para a empresa, para o negócio como um todo. Isso mostra o seu conhecimento dos processos, a confiança que a diretoria tem nele e também a dependência criada por sua equipe. Já o outro ... ninguém precisou dele durante sua ausência. Seria totalmente dispensável para a empresa, facilmente substituído por outro. Teria contribuído pouco com o seu trabalho.

Eu afirmo, com toda a convicção, o contrário. Soube delegar. Dividiu as informações com sua equipe e com seus colegas de trabalho. Tornou o processo e a empresa independentes de sua pessoa, de sua presença. Colaborou com seu trabalho, sua experiência, seu conhecimento e, quando achou que deveria seguir novos caminhos, recebeu a gratidão de seus superiores, conscientes de que merecia buscar algo ainda melhor para sua carreira.

Muitos podem pensar que o profissionais do tipo B, por mais competentes que possam ser, correm mais risco de serem demitidos. Isso é uma verdade relativa. Caso o tipo B trabalhe em uma empresa que saiba reconhecer suas qualidades, que não queira ficar refém de uma determinada pessoa, o risco de ser demitido é baixíssimo. Será extremamente valorizado. Por outro lado, se trabalhar em um local que valoriza somente resultados de curto prazo, que acham que os funcionários que pedem demissão são "traíras", que nunca encontrarão outro lugar melhor, realmente correrá um grande risco de ser demitido. Sorte dele!

O recado é que bons profissionais não devem ter medo de se tornarem dispensáveis. Antes que isso aconteça aparecerá coisa melhor. Além disso, é de suma importância formar um sucessor. Aquele braço direito, que poderá substitui-lo quando sair da empresa, quando ficar doente ou até mesmo para poder gozar de umas merecidas férias. Forme também um sucessor para seu sucessor. A empresa lhe ficará grata por muito tempo.

Um comentário:

Mirza Braga disse...

Ótimo texto! Realmente um profissional de valor é aquele que mostra o valor que tem e divide seus conhecimentos com os outros... pois esse colherá bons frutos!

Estou lendo ...