segunda-feira, setembro 06, 2010

[Conto] Seis horas da manhã

          Nem todo casamento arranjado está fadado ao insucesso. Ela, na flor de seus dezoito anos, foi praticamente obrigada a se casar com o filho daquele capataz que trabalhava com seu pai, naquela imensa fazenda de café. Já o conhecia desde criança, cresceram juntos. Definitivamente ele não despertava nela nada mais do que umas simples amizade. Mas não havia outra opção. Saía da fazenda somente aos domingos para ir à missa com a família. Não conhecia mais ninguém. Seu pai e sua mãe ficaram radiantes quando ela aceitou o pedido de casamento.

          Perdeu a virgindade na noite de núpcias. Ele se mostrou todo carinhoso e respeitador. Para ele não era a primeira vez. Ela gostou, apesar de ter ficado um pouco assustada. Com o passar do tempo ele foi conquistando sua admiração pelo modo delicado e atencioso. Era uma mulher feliz, ainda mais porque seu marido gostava de tê-la toda noite. Ela havia descoberto o prazer da vida a dois, adorava! Apesar de gostoso, a relação íntima era metódica ao ponto de ser executada sempre no mesmo horário, às seis horas da manhã. Ele acordava pouco antes, tirava a roupa dela, deitava por cima e pronto. Dia após dia, a rotina se repetia, o galo cantava, o sol começando a dar o ar da graça e os dois lá, sempre ele por cima, ela por baixo, ela nua, ele com a roupa de bairro arriada, às seis horas da manhã.

          Sua pouca experiência com outros homens a deixava intrigada. Gostava do jeito que o marido fazia, mas será que era só aquilo mesmo? Sempre que ela ameaçava pedir algo diferente, ele desconversava. Sentia-se um pouco culpada, afinal era bem tratada, seu marido sempre a procurava. Resignada, buscava meios de parar de pensar nisso e seguir a vida adiante.

          Um dia seu marido saiu em viagem para buscar uma boiada em outro estado. Ela ficou sozinha, mas não havia perigo, sua casa ficava há apenas alguns poucos quilômetros de seus pais, na mesma fazenda. Ocupava-se com os afazeres domésticos, sempre vestida com aquele vestidinho florido, curto e solto, que mostrava bem suas belas curvas. O cabelo preto e liso, escorria até quase a cintura. Tinha os seios pequenos, mas empinados. O traseiro por sua vez era carnudo e largo.

          Estava escurecendo, escutou palmas na frente de casa. Foi ver quem era e se surpreendeu ao ver seu primo. Ele era poucos anos mais velho que ela, havia morado na fazenda até uns dez anos de idade, depois se mudou junto com a família para o norte. Não tinha como não reconhecer aquele rosto que ainda parecia de menino. Mas o corpo já era de homem. Estava de passagem pela região e resolveu visitar os tios, que deram a notícia de que a bela prima morena havia se casado. Ao saber que o marido não estava em casa, preferiu não entrar, mas a prima insistiu tanto que foi até a cozinha tomar um café e comer um pedaço de bolo de fubá. Apesar do respeito, o primo encantou-se com aquele belo corpo. Quando ela se levantou para lavar a xícara, reparou nas coxas grossas. Excitou-se, procurou esconder, mas ela ao virar percebeu. O sangue dos dois ferveu, não falaram mais nada, ela já se aproximou. Beijaram-se, ele a abraçou, puxou as alças do vestido, que caiu no chão. Ela tremia, finalmente teria uma emoção diferente, proibida. Fez tudo que tinha vontade e coisas que nem imaginava o quanto era bom. Sentia-se leve, realizada.

          Nessa hora ela acordou assustada. O relógio marcava seis horas. Estava sozinha na cama, com o corpo quente e suado e a respiração ofegante.

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