terça-feira, fevereiro 09, 2010

Ser (bonzinho) ou não ser, eis a questão.

Atualmente não há mais espaço para chefes tiranos, que tratam seus funcionários hora com indiferença, hora com falta de educação e humanidade. Mas que eles existem, existem. E continuarão sempre a existir porque essas (más) características são inerentes a alguns seres humanos, sejam eles chefes ou não. São exacerbadas e trazidas à tona quando tais indivíduos assumem posições de coordenação ou gerência.

Tenho convicção que o principal papel de um líder é conciliar os objetivos da empresa com os de seus subordinados. Não deve assumir o papel de defensor dos fracos e oprimidos mas também deve ser capaz de analisar até que ponto uma solicitação atendida pode indiretamente ser também a melhor opção para a empresa. Se um funcionário pede aumento, o líder reconhece seu merecimento e acha importante atendê-lo para evitar perdê-lo, nada mais coerente do que lutar para que seja atendido. Por outro lado, um funcionário que vem faltando e atrasando rotineiramente, mesmo que tenha seus motivos para isso, deve ser avisado que tal situação prejudica a empresa e também o ambiente de trabalho dentro da equipe.

Partindo do pressuposto que o chefe não deve ser um troglodita, surge a questão: até que ponto ele deve ser bonzinho? Em que situações deve assumir uma postura mais rigorosa e instransigente, dando maior ênfase aos objetivos da instituição? É uma questão muito delicada porque envolve a cultura da empresa e também a personalidade do líder. Inicialmente devemos considerar que é complicado um líder trabalhar e ser feliz em uma empresa em que os valores e ideais não sejam os mesmos que os seus. Claro que não há nunca 100% de coincidência entre os dois lados, mas caso as diferenças sejam grandes, a relação que vai existir entre ambos é de instabilidade. Aos primeiros sinais de insucesso, independente dos motivos, o resultado será a saída ou a demissão.

Pensando então em uma empresa que dê pelo menos uma razoável importância ao ser humano e que o líder tenha as mesmas características, até que ponto a preocupação em agradar os funcionários pode ser benéfica? A primeira varíavel que deve ser considerada é o tamanho da equipe. Em grandes equipes torna-se inviável conversar e entender individualmente os problemas de cada um. Fica também muito mais complicado evitar a sensação de que alguns subordinados estão tendo vantagens. O risco é que, diante de tal situação, toda a equipe passe a exigir as mesmas "regalias" que porventura tenham sido cedidas a algum deles. Nesse cenário é indispensável que existam mais regras formais e que o líder adote uma postura de não permitir exceções, sendo tolerante e permissivo somente em situações de força maior como aquelas que envolvam doenças ou problemas pessoais graves.

A liderança sobre equipes menores permite abordagens mais individualizadas. É justamente aí que mora o perigo. A proximidade com cada membro da equipe tende a criar um ambiente de informalidade, criando brechas para uma "amizade" perigosa. Nada contra, obviamente, um líder ser amigo pessoal de seus subordinados. A "amizade" à qual me refiro é aquela onde pequenos deslizes são deixados de lado e baixos rendimentos não têm a reação que merecem. Nesse sentido, o líder deve ter uma vigilância constante sobre o seu próprio comportamento, sob pena de se transformar em um excelente chefe para os funcionários e um péssimo funcionário para empresa que paga seu salário.

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