Quando um livro começa a vender feito água é inevitável que as atenções se voltem pra ele. É um momento muito esperado pelos críticos literários de redes sociais e pelos intelectualóides de plantão. Críticas são sem bem-vindas, naturalmente, mas desde que coerentes e originais. Tenho lido muitos comentários sobre "Cinquenta tons" onde seus autores repetem a mesma ladainha utilizada com outros livros que tiveram sucesso comercial estrondoso. O primeiro ponto que deve ser considerado é o objetivo do autor. Imagino que E. L. James, ao escrever sua trilogia, nunca ambicionou ser uma Jane Austen. Seu objetivo, como de muitos outros autores é de propor um entretenimento literário leve e de consumo rápido. Dessa forma, por favor, não me venham com críticas como "os personagens não têm profundidade", "o vocabulário é pobre", etc. Queriam o que ? Que Anastasia Steele fosse uma Elizabeth Bennet e Christian Grey um Raskólnikov? É óbvio que o objetivo nunca foi este. Os clássicos são fundamentais mas se existissem apenas eles o hábito da leitura tornaria-se uma chatice.
Dito isso, vamos ao livro. Como toda pessoa que esteve minimamente informada nos últimos meses deve estar sabendo, "Cinquenta tons" é a obra de estreia da autora E. L. James na literatura comercial. Fazendo parte de uma trilogia, estourou de forma estrondosa nos países de língua inglesa. O estilo tem sido chamado de "mommy porn" (pornô para mães), pelo seu intenso conteúdo erótico, mas tratado de forma relativamente leve. Na minha opinião, "Cinquenta tons" é um conto erótico gigante, podendo agradar até mesmo aqueles não iniciados no tema.
O livro conta com vocabulário e frases simples, permitindo uma leitura rápida e fácil. Os capítulos têm bom tamanho, apesar de eu achar que poderiam ser um pouco menores, o que contribuiria ainda mais para o efeito "vira páginas" desse tipo de obra (estilo Dan Brown). O enredo não demora muito a engrenar e mantém um bom ritmo, tornando-se um pouco cansativo somente em alguns trechos bem curtos. Os dois personagens principais - Anastasia Steele e Christian Grey - apesar das considerações feitas no primeiro parágrafo deste texto, têm características bastante interessantes. Não há como negar que o tema erótico é um chamariz e, apesar de cumprir seu papel, na parte final o livro "esfria" um pouco, o que pode frustrar os leitores que estavam justamente gostando da "novidade". Mas nada que comprometa de forma importante ou decepcione profundamente.
Pessoas com limites rígidos quanto à conteúdos eróticos devem evitar "Cinquenta tons", bem como crianças e adolescentes. Na minha opinião, o livro é para maiores de 18 anos. Se você não é daqueles que acha que todo livro deve ter a qualidade de um Shakespeare e tem interesse ou curiosidade pelo tema, não tenho dúvidas de que vá gostar.
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